Pergunta : Elvis ( Universidade Federal de Minas Gerais )
Antes de perguntar, li algumas respostas já dadas sobre o assunto no site. Gostaria de saber mais sobre a Medicina Nuclear. Tenho dúvidas sobre o futuro da especialidade. Uma vez que o avanço nos estudos sobre nanotecnologia e terapia genética são cada vez maiores, com suas promessas de técnicas diagnósticas e de tratamentos também não invasivos e voltados para alvos específicos, o que é hoje considerado um trunfo da Medicina Nuclear, esta especialidade não tenderia a se tornar obsoleta, ou teria potencial para absorver pelo menos parte desses novos avanços? Há estudos avançados inclusive em nanorrobótica e há quem já fale até em nanomedicina. Tive essa dúvida porque temo que essas novas tecnologias, quando disponíveis, se tornem uma opção mais barata e com maiores possibilidades de expansão.
Resposta :
O progresso da Medicina atualmente é até difícil acompanhar assim como também é difícil acompanhar todo o progresso da tecnologia.
Com toda certeza, a medicina do futuro ( não muito distante ) será bem diferente da medicina atual.
A telemedicina, já usada em várias áreas como no diagnóstico por imagem, deve ter um papel fundamental num País de extensão territorial muito grande como o nosso.
Os indicadores de qualidade da assistência médica, anteriormente focado em taxas de mortalidade, taxa de infecção hospitalar, por exemplo, serão substituídos por outros indicadores, tais como:
. percentual da população que faz atividade física
. taxa de obesidade na população
. incidência do uso de tabaco e de outras drogas
. frequência do uso de sexo responsável
. Índices de acidentes e violência
. grau de cuidados com o meio ambiente das cidades
. grau de imunização da população
. facilidades de acesso aos serviços de saúde nas regiões
Os médicos cada vez mais estão se preocupando com a qualidade de vida no seu dia a dia e por isso escolhendo especialidades mais tranquilas como oftalmologia, radiologia, dermatologia..
Veja, por exemplo, a situação que poderá estar ocorrendo em poucos anos :
“Sr João pega um equipamento manual – pica seu dedo e retira uma gota de sangue. Captura 2.000 medidas diferentes e manda os dados por um sistema sem fio para análise a um computador distante.
Alguns minutos depois, joão recebe via e-mail os resultados e uma cópia vai para o seu médico.
Seu médico avisa que os resultados estão ótimos e recomenda um novo check-up em 6 meses.”
A tendência da medicina é ser :
- mais preditiva e menos indicativa ( poderemos prever mais as doenças de acordo com o código genético de cada um )
- mais preventiva e menos terapêutica
- mais personalizada e menos generalizada
- mais participativa e menos passiva por parte dos pacientes , com o maior acesso à informação através da internet, redes sociais…
Genética, células tronco, nanotecnologia, micro robôs diagnósticos e terapêuticos, tratamentos a laser, tecnologia da informação, Big Data… passarão a fazer parte do dia a dia do profissional médico.
Diante disso tudo é difícil prever o futuro da medicina nuclear, mas algumas informações atuais sobre essa especialidade poderão ser útil para quem pensa escolher esse caminho. :
A Medicina Nuclear é uma especialidade pouco conhecida dos médicos e muitos estudantes nem tem noção do que faz um especialista nessa área. Talvez, por isso, poucos estudantes façam essa escolha. No Brasil temos apenas 438 especialistas em Medicina Nuclear.
A Medicina Nuclear é uma especialidade que usa compostos radioativos para obter informações diagnósticas e para o tratamento de doenças. Seus procedimentos permitem a determinação de informações diagnósticas sem que seja necessário, intervenções cirúrgicas, ou de outros testes diagnósticos invasivos. Os procedimentos identificam freqüentemente muito cedo anormalidades na progressão de uma doença ao longo do tempo, ou até mesmo antes da apresentação de sintomas.
Em sua forma mais básica, um estudo em medicina nuclear envolve a administração de pequenas quantidades de compostos, que são marcados com radionuclídeos gama emissores ou pósitron emissores, no organismo. O composto radiomarcado é chamado de radiofármaco, ou geralmente chamado de traçador ou radiotraçador. Existem diversos tipos de radiofármacos disponíveis que são úteis para estudar diferentes partes do corpo.
O conteúdo do programa de residência em Medicina Nuclear, geralmente abrange: Física e Biologia das radiações. Normas de proteção radiológica. Radiofarmácia. Recursos tecnológicos. Anatomia, fisiologia, fisiopatologia, indicações terapêuticas e realização e avaliação dos exames nos diversos sistemas orgânicos.
O concurso para residência médica em Medicina nuclear é classificado como de “acesso direto” e tem a duração de 3 anos, mas se vc já fez residência em clinica médica ou radiologia, esse tempo pode ser encurtado ( a critério do serviço). O inverso não é verdadeiro, ou seja, se vc fez a residência de medicina nuclear não pode simplesmente complementar e ser radiologista.
A procura não é muito grande. A relação candidato-vaga é de 1:1 ou 2:1
Os melhores locais para se fazer essa residência são os grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro
O Mercado de trabalho é bom pelo pequeno número de profissionais e além disso permite uma boa qualidade de vida e flexibilidade de horários.Na maioria das vezes vc vai ser sempre “empregado” e não “patrão”.
No Rio de Janeiro, onde existem poucos serviços, e todos exigem exclusividade, o salário mensal para uma carga horária de 30 – 40 h semanais, está entre 10 e 15.000,00.
Em Sao Paulo, o salário é mais do dobro desse.
Fora do eixo Rio-São Paulo aparecem ofertas entre 30 a 40.000,00 mensais.
Sucesso
Mário Novais