Um estudo inovador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), publicado na The Lancet Global Health, revelou que 54% dos casos de demência na América Latina estão associados a fatores de risco modificáveis, acima da média global de 40%. Liderado por Claudia Kimie Suemoto, professora de Geriatria da FMUSP, o estudo analisou dados de sete países latino-americanos (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Honduras, México e Peru), abrangendo 12 fatores de risco, como baixa educação, hipertensão, obesidade, e tabagismo. A pesquisa sugere que intervenções preventivas poderiam ter um impacto significativo na região.
Os principais fatores de risco identificados na América Latina foram obesidade, inatividade física e depressão. Além disso, o estudo destacou variações regionais, como a alta prevalência de baixa escolaridade na Bolívia (63,5%) e a hipertensão mais comum no Brasil (46,4%). O Brasil apresentou o menor índice de isolamento social (1,6%), enquanto a Bolívia teve o mais alto (64,2%).
Esses achados têm implicações importantes para as estratégias de saúde pública. O Brasil já implementa campanhas de conscientização sobre a demência e seus fatores de risco, com base nos estudos liderados por Suemoto. Estima-se que 2 milhões de brasileiros sofram de demência, sendo a maioria atendida pelo SUS. A OMS prevê que, globalmente, o número de casos de demência poderá ultrapassar 150 milhões até 2050.
Fonte: Medicina SA