A rotina médica pode ser frequentemente desgastante, sobretudo se não for bem planejada. Dividir-se entre mais de um emprego, estar disponível por muito tempo para o trabalho e sempre se alimentar de forma irregular podem ser situações bem comuns na vida do profissional de medicina. Mas a pergunta que cabe aqui é: isso é mesmo necessário? Há quem goste do dia a dia movimentado, mas esse pode não ser o objetivo principal da vida do médico. É algo que pode ser extremamente desgastante e privá-lo de momentos importantes com sua família ou intervalos de descanso e lazer adequados.
É possível conciliar a atuação de excelência com períodos de descanso e usufruir melhor dos benefícios merecidos, depois de todo o tempo, esforço e investimento direcionados à carreira. Mas como fazer isso? É exatamente para responder essa questão que escrevemos este post, que foca especificamente em tornar a rotina médica mais equilibrada e produtiva. Dessa forma, você poderá alcançar o máximo de seu potencial e crescer em sua carreira, sem abrir mão da qualidade de vida. Boa leitura!
Entenda suas dificuldades
Você pode sofrer as consequências de uma rotina desgastante, sacrificando seu dia a dia ao se dedicar completamente a sua profissão. Contudo, esse é realmente seu objetivo de vida? Eventualmente, você pode trabalhar para que, no futuro, tenha uma vida tranquila, mais próxima à família e à natureza, por exemplo. Mas sua rotina está a que distância da realização desse desejo?
É preciso entender se as suas escolhas têm afastado ou aproximado você de seus objetivos. Caso contrário, há o risco de dedicar uma vida inteira para alcançá-los e, lá na frente, perceber que apenas se afastou ainda mais deles. O primeiro passo para garantir que isso não ocorra é avaliar a si mesmo e seu cotidiano. Comece entendendo onde estão e quais são suas dificuldades.
Quais as situações comuns na rotina de um médico brasileiro?
Muitos profissionais já estão tão acostumados à correria e ao desgaste do cotidiano da profissão que não param para se perguntar as causas do problema e se é realmente necessário passar por tudo isso. Diversas situações acentuam esse contexto e são comuns na rotina do médico brasileiro, como por exemplo:
1. Lidar com picos de emoção e sentimentos alheios
Não é algo específico de nenhuma região ou país, mas intrínseco à profissão, em qualquer especialidade. Ao mesmo tempo em que você precisa lidar com a tristeza de uma família que perdeu um parente, ou de alguém que recebe a notícia da impossibilidade de cura, tem a obrigação de receber outro paciente de sorriso e braços abertos, comprometendo-se integralmente a prestar um atendimento humanizado. Conviver com essa gama de sentimentos e, sobretudo, ter empatia com aqueles que buscam consolo e auxílio na figura do médico é algo que requer bastante esforço e, certamente, é um fator que favorece ainda mais o desgaste físico e mental.
2. Dividir-se entre mais de um emprego
A rotina dos médicos no Brasil passa frequentemente pela dupla (ou tripla) jornada. Especialmente em começo de carreira, quando a remuneração precisa de uma ajudinha extra, é preciso correr entre um plantão e outro e ainda marcar presença em uma clínica, cumprindo toda a sua agenda de consultas.
3. Lidar com a falta de suprimentos para atuar adequadamente
Quem trabalha no SUS tem que atuar bem, a despeito de problemas crônicos do sistema de saúde público brasileiro, como:
- falta de suprimentos;
- equipamentos obsoletos;
- escassez de leitos;
- superlotação de hospitais.
Além disso tudo, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), a falta de médicos ainda é o principal problema do sistema, que tem média inferior a 20 médicos para cada dez mil habitantes. A situação é ainda mais grave nas cidades do interior e da região Norte e Nordeste. Dar o seu melhor, garantindo um atendimento de excelência, é uma responsabilidade e tanto em um cenário tão complicado assim.
4. Horários irregulares de descanso e almoço
Dentro dessa rotina, o descanso e a alimentação, dois alicerces para a saúde de qualquer pessoa, ficam em segundo plano. Sobrecarregar a si mesmo sem se alimentar adequadamente e ter um tempo de pausa mínimo, além de colocar em risco o próprio bem-estar, pode comprometer a segurança de suas decisões.
5. Perder momentos especiais com a família
Mesmo que seja possível e haja grande determinação por parte do profissional para seguir religiosamente seus horários de descanso e alimentação, ainda assim a família pode ser prejudicada, com a constante ausência do médico em casa, perdendo momentos especiais como aniversários, comemorações e festas de fim de ano.Os atendimentos emergenciais e chamadas fora de horário tiram o profissional da rotina habitual em casa e trazem transtornos frequentes. Muitas vezes a família precisa cancelar compromissos na última hora por uma demanda extraordinária. E, mesmo presente, o médico pode estar cansado demais para participar ativamente dos eventos e perde a oportunidade de interagir com familiares e amigos de uma forma plena.
6. Passar tempo demais em sua clínica
Muitos médicos que atuam ou dirigem clínicas gastam tempo excessivo no negócio, dividindo-se entre a administração e sua própria atuação médica. Frequentemente eles são os primeiros a chegar e os últimos a sair, permanecendo a maior parte do dia nesse ambiente. E, não raramente, isso compromete mais de um membro da família. As esposas de médicos também podem acabar cumprindo dupla jornada, por se envolverem ativamente na gestão das clínicas.
O resultado disso é a ausência de ambos no ambiente familiar, reduzindo o tempo de convivência com os filhos. Esses são apenas alguns exemplos dos problemas frequentes dos médicos em uma rotina de sobrecarga. O estresse e a ansiedade muitas vezes minam a saúde desses profissionais e acabam trazendo a reboque outra série de problemas, como hipertensão, diabetes etc. De certo, médicos experientes têm muitos casos pessoais para contar, revelando como a rotina exaustiva prejudicou sua qualidade de vida e comprometeu o convívio familiar.
Por que isso acontece?
A grande questão é saber se isso é realmente necessário. Faz parte das obrigações médicas abrir mão do próprio bem-estar e sacrificar sua vida familiar em prol de uma rotina extremamente exaustiva? Se isso não é fator preponderante, por que ocorre? Você precisa fazer uma avaliação completa de seus compromissos e entender os pontos que mais causam esses transtornos.
Descubra a raiz do problema
É preciso saber onde estão os causadores do problema. Ao entender o que traz desgaste em sua rotina, um médico pode rever prioridades e analisar sua própria formação profissional, averiguando, por exemplo, o quanto ele pode reduzir seu tempo de atuação, sem abrir mão do sucesso de sua carreira e da qualidade de seu atendimento.
Busque o que está roubando seu tempo
Ninguém, além do próprio profissional, é capaz de ter mais clareza a respeito disso. Você já parou para pensar por que não consegue conciliar suas atividades dentro de um horário mais regular? Qual o motivo de sempre ter que sacrificar o intervalo de almoço resolvendo alguma coisa ou estendendo seu horário de atendimento? Se você realmente acredita que é preciso viver dessa forma, é bom rever seus conceitos.
Hoje, com toda a tecnologia, o aparato e o conhecimento disponível, exercer a medicina não precisa ser sinônimo de sacrificar a vida e o próprio bem-estar – uma ideia ultrapassada, que vem de um tempo em que a formação era muito mais complexa e o domínio das especialidades bem aquém do atual. Hoje, é possível sim exercer sua atividade com excelência mantendo horários mais regulares e colhendo os frutos do seu esforço. Entretanto, a única forma de obter resultados diferentes é tomando atitudes diferentes — para isso, você precisa saber onde está o problema.
Texto na íntegra:
https://www.ipemed.com.br/blog/como-otimizar-a-sua-rotina-medica-para-obter-mais-resultados