Você já parou para pensar como o cérebro de mamíferos codifica a classificação social e usa essa informação para moldar comportamentos competitivos? Com essa inspiração, pesquisadores do Salk Institute decidiram estudar esse comportamento a partir de experimentos com ratos e descobriram que os roedores que mais estavam competindo, ativavam diferentes partes do cérebro de acordo com a posição social do adversário. O estudo foi publicado nesta semana pela revista Nature.
Os cientistas também usaram leituras cerebrais para prever com precisão qual animal ganharia a recompensa alimentar e concluíram que o vencedor nem sempre era o animal mais socialmente dominante, mas aquele mais engajado em uma “mentalidade vencedora”.
As espécies sociais, em sua maioria, se organizam em hierarquias, as quais orientam o comportamento de cada indivíduo integrante daquela sociedade. Compreender como o cérebro medeia a relação social com suas ações pode auxiliar no entendimento da interação entre posição social, isolamento e doenças psiquiátricas, como depressão, ansiedade ou até mesmo abuso de substâncias.
A área do córtex pré-frontal medial (mPFC) é responsável por representar a posição social nos mamíferos; alterações no mPFC de um camundongo alteram o comportamento de dominância de um animal.
No estudo, os pesquisadores colocaram quatro camundongos em uma mesma gaiola para que se desenvolvesse uma hierarquia social naturalmente. Depois disso, eles selecionaram pares de camundongos coabitantes para competir por recompensas alimentares em rodadas utilizando o Round-Robin, que é um algoritmo escalonador de processos que consiste em dividir o tempo de uso em fatias de tempo.
Para capturar a atividade cerebral dos animais, os pesquisadores usaram dispositivos sem fio com o objetivo de registrar a atividade cerebral e marcar diferenças leves e complexas de medir , enquanto os camundongos competiam. Além disso, eles desenvolveram uma inteligência artificial multi-animal para rastrear e seguir os movimentos dos ratos em todo o tempo, mesmo quando dois animais pareciam idênticos.
À medida que os ratos foram pareados com a tecnologia, os cientistas descobriram que a atividade dos neurônios dos ratos em seu mPFC poderia prever com 90% de certeza a classificação de seu oponente. Além disso, os pesquisadores notaram que mesmo antes das competições e durante todo o tempo os animais apresentavam a representação de posição social em seu cérebro.
Consoante os pesquisadores, as áreas do mPFC associadas à classificação social e ao sucesso competitivo são adjacentes umas às outras e altamente conectadas. Sinais de classificação social impactam o estado do cérebro envolvido no sucesso competitivo. Dessa maneira, a confiança e a “mentalidade vencedora” de um animal subordinado podem diminuir parcialmente quando confrontados com o rato alfa.
O estudo demonstrou que houve mudanças na atividade cerebral quando os animais estavam em competição e quando estavam coletando recompensas sozinhos. No entanto, a posição social do grupo pode ser decodificada e identificada pelas atividades cerebrais, mesmo quando os animais estavam sozinhos. Visto isso, os pesquisadores concluíram que, independentemente de com quem você esteja, se você estiver ciente de outras pessoas ao seu redor, seu cérebro estará usando neurônios diferentes.
Texto retirado de:
https://academiamedica.com.br/blog/competir-com-o-chefe-saiba-como-o-cerebro-e-ativado-de-acordo-com-a-sua-posicao-social-e-a-do-adversario