O III Fórum de Segurança do Paciente, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no dia 16 de setembro, debateu o que pode ser feito para que o ambiente hospitalar seja mais seguro. Uma das conclusões foi a de que o médico pode ser um importante ator para que a cultura da segurança seja implementada nos hospitais e demais estabelecimentos de saúde. “Os debates foram muito produtivos e saímos daqui com uma visão diferente, refletindo novos conceitos”, afirmou a coordenadora adjunta da Câmara Técnica de Segurança do Paciente, conselheira Natasha Slhessarenko.
Os caminhos a serem tomados para que sejam implementadas políticas de segurança nos hospitais foram apresentados pela médica e coordenadora do Núcleo de Gestão de Riscos e Perícia Médica de Unimed Vitória, Rubia Mara Simões Martins. Ao falar sobre o tema “Segurança do Paciente Dentro dos Hospitais Privados”, ela elencou uma série de medidas que os hospitais devem adotar e afirmou que as instituições de alta confiabilidade incorporam em seu planejamento estratégico a gestão de risco assistencial. “Temos de falar da segurança do paciente. Não é porque não falamos, que o problema não existe”, afirmou.
Papel do médico – Em seguida, o coordenador Médico do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, Antônio Capone Neto, responsável pela palestra “Segurança do Paciente a Nível Nacional”, fez uma explanação sobre dados internacionais e nacionais acerca dos eventos adversos. Segundo Capone, uma pessoa morre por minuto nos Estados Unidos em decorrência de eventos adversos, o que dá 300 mil mortes por ano. “Não temos dados brasileiros, mas segundo um estudo da UFMG, um em cada 10 brasileiros sofre danos evitáveis durante a hospitalização”.
Para Capone, o médico não pode ser responsabilizado sozinho pela segurança do paciente, mas pode ser um direcionador na implantação da cultura. “Temos de aprender com os erros, trabalhar em equipe e buscar o engajamento do paciente e da família”, defendeu.
O 3º vice-presidente e diretor de fiscalização do CFM, Emmanuel Fortes, destacou que a Resolução CFM nº 2153/2016, que criou os roteiros de fiscalização nos hospitais, incluiu um tópico sobre segurança do paciente e tem incentivado os Conselhos Regionais de Medicina (CRM) a criarem câmaras técnicas sobre a questão. “O nosso trabalho é para que, cada vez mais, essa seja uma preocupação da classe médica para, assim, tornarmos o ato médico mais seguro”, afirmou.
Cirurgia Segura – Para o cirurgião geral Alfredo Guarischi, o sucesso de uma cirurgia depende de vários fatores, como a equipe hospitalar no pré e pós-operatório. “Também é necessário conhecer o paciente e ter um diagnóstico preciso do problema”, argumentou. Para Guarishi, todos perdem com os problemas adversos: o paciente, os profissionais de saúde, os hospitais, a fonte pagadora.
Em seguida, o médico da Rede D’Or e professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP Carlos Eduardo Domene falou sobre a cirurgia robótica. “Este é um tipo de procedimento seguro, que veio para melhorar o processo cirúrgico. O bom cirurgião, assim como o bom médico, vai desempenhar bem seu ofício, seja usando a robótica, ou não. Mas não haverá tecnologia que faça um cirurgião ruim ficar bom”, argumentou.
O último palestrante foi anestesiologista do Hospital Sírio Libanês Ênio Donizetti, que defendeu uma identificação correta dos medicamentos como um item fundamental para a segurança do ato anestésico. Também é necessário que haja uma boa comunicação entre a equipe que dá assistência ao paciente. “Muitos dos problemas são decorrentes de falhas de comunicação e de não submissão a regulamentos e protocolos”. Donizetti também denunciou que 5 bilhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso a anestesia e cirurgia seguras.
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