A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML) divulgou uma nova lista de recomendações para o uso consciente dos exames laboratoriais no atendimento em saúde. O material foi elaborado de acordo com a campanha Choosing Wisely, da American Board of Internal Medicine, que visa a esta conscientização sobre os recursos de saúde.
Esta é a segunda lista a ser divulgada, dando continuidade ao programa que tem por objetivo ampliar a conscientização quanto ao uso adequado, consciente e sem excessos de recursos. A iniciativa vai ao encontro do conceito “menos é mais” na área da saúde e busca pelo equilíbrio entre a gestão de recursos com fins de prevenção.
A primeira lista da iniciativa Choosing Wisely pode ser conferida no site da SBPC/ML. O Hemos é acreditado pela entidade com o selo PALC.
Estas novas recomendações foram elaboradas com base nas orientações do projeto Choosing Wisely Brasil, com a colaboração dos associados da SBPC/ML. Confira a seguir quais são as recomendações:
1.Evitar exames laboratoriais pré-operatórios de rotina, sem indicação clínica para cirurgias de baixo risco
A maioria dos exames pré-operatórios de cirurgias eletivas apresentam resultados normais, com menos de 3% de achados clínicos nos casos de exames como hemograma, Tempo de Protrombina, TTPA, exames bioquímicos e urinálise. Também não há eventos adversos na maioria dos casos quando pacientes estáveis passam por cirurgias eletivas.
Estes exames pré-operatórios, no entanto, são indicados para os pacientes que apresentarem fatores de risco ou quando estes exames podem esclarecer o risco cirúrgico.
2.Não solicitar múltiplos exames na avaliação inicial de pacientes com suspeita de doença na tireoide
Para a avaliação inicial é recomendado o teste do Hormônio Tireoestimulante (TSH) e, se este apresentar anormalidades, deve-se prosseguir com avaliação adicional ou tratamento. Isso porque o TSH é suficiente para detectar doença tireoidiana subclínica em pacientes sem sintomas de disfunção na tireoide.
Dentro dos valores de referência o TSH exclui na maioria dos casos a suspeita de doença primária de tireoide. Caso o resultado do TSH esteja anormal, o diagnóstico pode ser confirmado com a avaliação do T4 livre.
3.Não realizar triagem com CA-125 ou ultrassom para câncer de ovário em pacientes de baixo risco
Para pacientes de baixo risco e aquelas que não apresentam sintomas e que não tenham diagnóstico de câncer, exames CA-125 e de ultrassom não reduzem a mortalidade. O problema é que, no caso de falso-positivos, os resultados podem acarretar a realização de exames ou procedimentos desnecessários, que possuem riscos de complicações.
4.Não realizar repetição de Carga Viral de Hepatite C em pacientes sem uso de terapia antiviral
Exames quantitativos de alta sensibilidade de Hepatite C são apropriados para o diagnóstico e são parte do acompanhamento da terapia antiviral. Em outras condições, o exame de Carga Viral não modifica o manejo clínico ou o desfecho, sendo, portanto, desnecessário.
5.Não solicitar teste genético para HFE para pacientes sem sobrecarga de ferro evidenciada ou sem histórico familiar de Hemocromatose Hereditária
A Hemocromatose Hereditária é uma doença genética caracterizada pelo acúmulo de ferro, que pode prejudicar órgãos e tecidos do corpo. A maioria destes casos ocorre devido a mutações no gene HFE, mais comum em indivíduos de ancestralidade europeia. No entanto, apenas uma pequena porção destes indivíduos irá desenvolver condições clínicas. Para que isto ocorra são necessários outros fatores genéticos e não-genéticos.
A genotipagem do HFE só deve ser realizada em pacientes com sobrecarga de ferro ou naqueles com história familiar de Hemocromatose Hereditária.
Fonte:
Hemos Laboratório Médico