Introdução
Em 1952, Aubaniac utilizou o cateterismo venoso central pela primeira vez para administrar fluidos intravenosos e nutrição. Desde então, essa prática tornou-se essencial no tratamento de pacientes enfermos, proporcionando acesso indispensável em situações como nutrição parenteral total, antibioticoterapia, quimioterapia e hemodiálise. Nesta revisão, exploraremos as indicações do cateterismo venoso central, destacando as vantagens e desvantagens de diferentes locais de punção, além de esclarecer as técnicas mais apropriadas para cada paciente.
Informações ao Paciente
Antes do procedimento, é crucial instruir o paciente sobre o que envolve um acesso venoso central, as vantagens e desvantagens, riscos associados à inserção do cateter, cuidados necessários e indicações para a retirada do mesmo. O consentimento é legalmente obrigatório, exceto em casos de pacientes inconscientes. Uma explicação clara pode facilitar a cooperação do paciente durante o procedimento.
Escolha do Local de Inserção do Cateter
Os cateteres venosos centrais podem ser inseridos nas veias jugular interna, subclávia ou femoral. A preferência pela veia jugular direita é comum, mas a escolha do local é influenciada pela experiência do operador, anatomia do paciente e circunstâncias clínicas. A Tabela 1 resume as vantagens e desvantagens dos diferentes locais de punção.
Tabela 1 – Vantagens e Desvantagens dos Locais de Punção de Acesso Venoso Central:
Local | Vantagens | Desvantagens |
---|---|---|
Veia jugular interna | – Menor risco de pneumotórax iatrogênico | – Risco de punção de carótida |
– Abordagem pela cabeceira do leito | – Desconfortável para o paciente | |
– Baixo risco de falha por inexperiência | – Difícil manutenção do cateter e curativo | |
Veia subclávia | – Fácil manutenção do curativo e fixação | – Risco aumentado de pneumotórax iatrogênico |
– Melhor identificação anatômica em pacientes obesos | – Cateter afetado por compressões torácicas | |
Veia femoral | – Acesso rápido com alto sucesso | – Dificuldade de manter o local estéril |
Contra-indicações
As contra-indicações para punção venosa central são relativas, dependendo da urgência do estabelecimento do acesso e da existência de alternativas. A coagulopatia não é uma contra-indicação absoluta, mas exige a intervenção de profissionais experientes. Distúrbios anatômicos, marcapassos e stents endovasculares são fatores a serem considerados. A abordagem da veia subclávia é evitada em pacientes heparinizados ou coagulopatas.
Técnica
A realização do cateterismo venoso central segue uma sequência bem definida, desde o posicionamento do paciente até a confirmação da posição do cateter. Abordamos brevemente as técnicas para veias jugular interna, subclávia e femoral, enfatizando pontos-chave para garantir a segurança do procedimento.
- Veia Jugular Interna: Paciente em decúbito dorsal, cabeceira abaixada a 15º, com a cabeça rotada. O ápice do triângulo formado pelas cabeças do músculo esternocleidomastoideo guia a inserção da agulha.
- Veia Subclávia: Paciente em decúbito dorsal, cabeça rotada para o lado oposto, com a agulha inserida lateral à linha hemiclavicular para maior segurança.
- Veia Femoral: Paciente em decúbito dorsal, cabeceira elevada a 15º, com a perna rotada lateralmente. A agulha é direcionada abaixo do ligamento inguinal, medial à artéria femoral.
A confirmação da posição do cateter é crucial, e radiografias são recomendadas para avaliar a localização da ponta do cateter e possíveis complicações.
Conclusão
Este capítulo fornece uma visão abrangente das práticas e considerações envolvidas no acesso venoso central. Ao compreender as indicações, escolher os locais de punção apropriados e seguir uma técnica cuidadosa, os profissionais de saúde podem realizar o cateterismo venoso central com eficácia e segurança. Referências confiáveis, como as mencionadas ao longo deste texto, são essenciais para embasar a prática clínica.
Referências
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