O médico infectologista é um profissional treinado para realizar o diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças infecciosas e parasitárias. Após anos de estudos e sólida formação clínica, tornam-se especialistas nas infecções causadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas. Conhecem técnicas diagnósticas e conhecimento profundo sobre o uso de antivirais, antibióticos, antifúngicos e antiparasitários. Conhecimento fundamental pelo aumento da resistência microbiana, para a escolha do melhor tratamento da infecção. Alguns médicos infectologistas se aprofundam em temas específicos como Aids, hepatites, infecção relacionada à assistência à saúde (Infecções hospitalares), infecção em transplantados, epidemiologia e diagnóstico laboratorial. Dentro da especialidade, podem optar pelo estudo em áreas de atuação específicas como Medicina Tropical, Infectologia Pediátrica ou Hospitalar.
O Infectologista, nos dias de hoje, é um profissional que consegue entender o paciente dentro de sua inserção social e epidemiológica, é um médico que entende a doença como um todo e não apenas de um só órgão ou sistema. Estuda a complexa relação hospedeiro parasita, os mecanismos da inflamação, a sepse, a resistência microbiana, o uso adequado de antimicrobianos e seus eventos adversos.
Em geral, são líderes e referências dentro de suas instituições. Nos hospitais, são muito requisitados para avaliar pacientes para aquelas doenças que ainda não se chegou ao diagnóstico, pacientes com febre, lesões cutâneas, sepse, problemas que envolvem a segurança do paciente, questões técnicas sobre qualidade da água e do ar no hospital, isolamentos, infecções associadas a dispositivos, imunodeprimidos, surtos e dificuldades diagnósticas do laboratório de microbiologia. Enfim, não é por acaso que muitos infectologistas se tornam bons diretores de hospitais por terem visão sistêmica de muitos processos assistenciais que envolvem as instituições.
Com essa experiência, o Infectologista é chamado para elaboração de planos de ação contra epidemias a exemplo da febre amarela em São Paulo, dengue, toxoplasmose, hepatite A, Influenza H1N1, vacinas, entre outros. Frequentemente, são chamados pelos órgãos governamentais para estabelecerem políticas de utilização de antirretrovirais, tratamento das hepatites, vacinas. Assim, eles compõem grande parte dos profissionais dos comitês estaduais e do Ministério da Saúde: imunização, Aids, hepatites, antimicrobianos, transplantes entre outros.
O Infectologista é um profissional essencial para a prática médica e a saúde pública. Porém, o ensino com qualidade das doenças infecciosas e parasitárias vai além do especialista, deve fazer parte da formação médica e da residência médica, independentemente da especialidade. O Brasil está vivendo o ressurgimento de doenças como sarampo, febre amarela, o crescimento da infecção pelo HIV, especialmente em jovens, em diversas regiões do país, além do crescimento de casos de sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis.
Os desafios são imensos para a nossa especialidade. Estamos presenciando o crescimento de novas técnicas diagnósticas, rápidas e específicas, novos antibióticos e antifúngicos, conseguimos alcançar a cura da hepatite C com drogas de baixa toxicidade, o controle da infecção pelo HIV com melhor qualidade de vida, novas vacinas, anticorpos monoclonais e imunobiológicos cada vez mais eficientes. Ótimas notícias! Entretanto, esses avanços beneficiam apenas parte da população que tem acesso a estas novas tecnologias.
A desigualdade social é a raiz de muitos problemas que envolvem as doenças infecciosas. A busca de alternativas para viabilizar economicamente o sistema único de saúde, garantindo assistência segura, universal e digna para toda a população brasileira deve estar no nosso dia a dia como profissionais de saúde.
Dr. Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros
Presidente da Sociedade Paulista de Infectologia