Ao avaliar o fluxo de migração interna dos recém-formados nos últimos três anos, o CFM constatou também que mais de 60% dos médicos que se formaram em escolas médicas sediadas no Norte do País nem chegaram a solicitar inscrição nos estados em que se formaram.
É o caso do Acre, onde, dos 240 médicos formados desde 2018, 151 (62,9%) não chegaram a se registrar naquele território. Em Tocantins, outros 787 (56,7%) médicos que ali se formaram neste mesmo período também partiram para outros estados assim que concluíram a graduação.
“O Brasil ainda sofre com grande desigualdade na distribuição da população médica. Faltam políticas públicas que estimulem a migração e fixação dos médicos nas regiões de difícil provimento”, destaca Júlio Braga, coordenador da Comissão de Ensino Médico do CFM.
Segundo o conselheiro, o persistente fluxo de médicos em direção aos mesmos lugares pode agravar desigualdades e não se resolverá apenas com o aumento do número de profissionais ou a “suposta interiorização por meio da abertura de novas escolas”.
Concentração – Entre janeiro de 2018 e agosto de 2021, quase 72 mil novos egressos se registraram nos CRMs. Os estados que mais formaram médicos foram São Paulo, com 12.812 (17,9%); Minas Gerais, com 10.942 (15,3%); e Rio de Janeiro com 7.893 (11%).
Apesar do volume superior de formandos, São Paulo também se destaca como a unidade da federação que mais recebeu egressos de outras localidades: um total de 5.050 médicos, 40% a mais do que conseguiu formar nos últimos três anos.
Historicamente, avalia Braga, nenhum Governo implementou medidas efetivas que eliminassem estas distorções. “Além de estrutura de trabalho, os recém-formados muitas vezes buscam mais oportunidades para se tornar um especialista, isto é, vagas em Programas de Residência Médica”, disse.
Para ele, entre outros fatores, é essencial a criação de uma carreira de estado para o médico do SUS, que ofereceria ao cidadão a estrutura de atendimento e ao médico as condições de trabalho e os estímulos profissionais tão necessários.
Fonte:
Conselho Federal de Medicina