Mais de 4% dos casos de câncer diagnosticados no mundo em 2020 — cerca de 741,3 mil — foram causados pelo consumo de álcool.
Essa é a conclusão de um estudo publicado na revista científica The Lancet Oncology que destaca a ligação direta entre o consumo de bebidas alcoólicas e os cânceres de mama, de boca, de garganta, de laringe, de esôfago, de fígado, de cólon e de reto.
Ainda que a maior parte dos casos esteja associada ao consumo excessivo de álcool, a ingestão moderada de bebidas alcoólicas também aumenta o risco de desenvolver a doença, alerta a pesquisa, realizada por cientistas do Canadá, da França, dos Estados Unidos, da Holanda e da Nigéria.
Conforme as estimativas, o consumo diário de um pequeno copo de cerveja ou um pequeno copo de vinho — o equivalente a até 10 gramas de álcool — contribuiu para algo entre 35,4 mil e 145,8 mil casos de câncer no ano passado.
“Estratégias de saúde pública, como reduzir a disponibilidade de álcool no varejo, expor no rótulo das bebidas alcoólicas advertências sobre os riscos e restrições de publicidade podem reduzir a taxa de casos de câncer causados pelo álcool”, assinala.
Para estabelecer a porcentagem de casos de câncer relacionados ao consumo de álcool, os pesquisadores utilizaram dados sobre os níveis de ingestão de bebidas alcoólicas por pessoa por país em 2010.
Em seguida, combinaram essas informações com uma estimativa de novos casos de câncer em 2020, levando em conta o tempo que o consumo de álcool leva para ter impacto sobre a saúde.
O estudo indica o número de casos, mas não de mortes.
“Seria muito interessante estimar as mortes por câncer causadas pelo álcool, o que é um passo depois da análise que fizemos”, diz Rumgay.
O vínculo entre álcool e câncer
De acordo com a ONG Cancer Research UK, sediada no Reino Unido, há sete tipos de câncer cujo risco aumenta com o consumo de álcool.
São eles o de mama e o colorretal — os dois dos mais comuns —, e os de boca, garganta, laringe, esôfago e fígado.
O álcool causa danos ao corpo especialmente de três maneiras. Uma delas é provocando dano celular: quando ingerimos álcool, o corpo o transforma em acetaldeído, uma substância química que pode causar danos às células e até impedir que elas reparem os prejuízos causados.
Outra forma são as alterações hormonais, já que o álcool aumenta os níveis de alguns hormônios, como estrogênio e insulina. Esses níveis mais altos podem fazer com que as células se dividam com mais frequência, o que aumenta a chance de desenvolvimento de células cancerosas.
E há, finalmente, a possibilidade de ocorrência de alterações nas células da boca e da garganta. O álcool pode tornar essas células mais propensas a absorver produtos químicos perigosos, como os encontrados na fumaça do cigarro.
Fonte:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-57853174