Captopril sublingual em emergência médica
Existe uma confusão sobre a via de administração de alguns fármacos, principalmente em caso de emergência. Esse é o caso do Captopril.
Existe uma confusão sobre a via de administração de alguns fármacos, principalmente em caso de emergência. Esse é o caso do Captopril.
Primeiro, vamos dar uma olhada na bula do medicamento:
http://www.iquego.com.br/pdf/bula_captopril.pdfhttp://www.bulas.med.br/bula/6048/captopril+generico.htm
Gostaria de destacar:
1.Via de administração oral
2. O CAPTOPRIL é rapidamente absorvido por via oral; os níveis sangüíneos máximos ocorrem por volta de 1 hora.
3. Início da ação 15 a 60 minutos. Tempo para atingir a concentração sérica de pico 30 a 90 minutos.
Vejamos o que fala o Goodman sobre a via de administração sublingual:
A utilização de medicamentos via sublingual depende da ionização e lipossolubilidade do fármaco(¹)
Então, para que uma medicação seja usada por via sublingual, ela, obrigatoriamente, deve ter: caráter iônico, lipossolubilidade, importante mecanismo de primeira passagem (metabolismo hepático). Essas não são características de: Nifedipina, Clonidina, Atenolol, Captopril, e outros frequentementes usados por via sublingual, na crise hipertensiva.
Fonte: http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/18urgencias_emergencias_hipertensivas.pdf
Para o Captopril, tanto a rota sublingual quanto a oral tem efeitos similares sobre a PA e atividade da renina plasmática, não havendo estudos que demonstrem a superioridade do captopril sublingual sobre a via oral, devendo ser utilizada se a via oral não for factível.
Já com o nifedipino, foram descritos efeitos colaterais graves com o uso sublingual. A dificuldade de controlar o ritmo ou o grau de redução da PA, e a existência de alternativas eficazes e mais bem toleradas, torna o uso desse agente não recomendável nessa situação.
Alguns trabalhos demonstram que é muito pouco absorvido por via sub-lingual.
Apesar de a prática de se ministrar Captopril, Nifedipina e semelhantes, pela via sublingual ser muito difundida (inclusive em outros países ), esse uso não tem comprovação científica. Portanto, reservemos o uso do Captopril sublingual para quando a administração oral não for possível.
(¹)Goodman & Gilman, As baseses farmacológicas da terapêutica. [tradução da 10. ed. original, Carla de Melo Vorsatz. et al] Rio de Janeir McGraw-Hill, 2005.