Entre as doenças cardiovasculares, a maior causadora de mortes no mundo é o infarto agudo do miocárdio (IAM). Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), cerca de 300 mil pessoas sofrem ataques cardíacos a cada ano no Brasil. Desse número, 30% dos casos são fatais.
As chances de sobrevivência do paciente aumentam com um atendimento rápido e eficiente, aliado ao diagnóstico e encaminhamento para a UTI.
O problema é a falta agilidade no período pré-hospitalar. Em 20% dos casos de infarto, o paciente chega à emergência até duas horas após o início dos sintomas. Entre 40% e 65% das mortes ocorrem na primeira hora – e é nesse período que deve ser realizada a desfibrilação, revertendo a fibrilação ventricular (FV), que é a principal causa de morte nesses casos.
O melhor atendimento, de acordo com a indicação da American Heart Association (AHA), é aquele em que o tempo porta-balão é inferior a 90 minutos. Esse período se refere ao intervalo entre a chegada do paciente com diagnóstico de IAM à emergência e a realização da angioplastia primária ou da trombólise.
Quanto menor o tempo porta-balão – cuja redução é o objetivo central do atendimento pré-hospitalar –, melhor será o desfecho clínico. Caso o atendimento seja prestado dentro dessa janela inicial de 90 minutos, a morbimortalidade e a chance de danos no coração são reduzidas. Além disso, esse protocolo garante padrões de qualidade, certificações e acreditações ao serviço de saúde.
Um bom trabalho em equipe é o que garante a qualidade no atendimento. É o que acredita o médico Dalton Précoma, diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). “Os profissionais envolvidos precisam passar por treinamento e desenvolver sincronia nas tarefas e nos procedimentos, com um no comando”, explica.
Qualificação
Um primeiro passo já foi dado por enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) do Pará. Eles passaram por uma qualificação oferecida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A turma atualizou seus conhecimentos sobre os protocolos em urgências e emergências, como os necessários em casos de infarto agudo do miocárdio, e participou de simulações.
Pré-coma indica a educação continuada como ferramenta de atualização profissional, possível por meio da leitura de textos e artigos científicos publicados em revistas e livros. Ele também indica o acompanhamento das mudanças nas diretrizes das entidades de referência, como a SBC, a AHA e a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês). “A experiência durante os estágios, treinamentos nos programas de especialização e residência médica habilitam os profissionais para o adequado atendimento”, afirma.
Além disso, existem programas desenvolvidos pelas próprias sociedades científicas. É o caso da atualização em Cardiologia, que é feita pela SBC, e a de Medicina de Emergência, produzida pela ABRAMEDE.
Atendimento do infarto agudo do miocárdio em UDT e UTI
Após a abertura da ficha de atendimento e da triagem rápida, as diretrizes publicadas em 2018 pela ESC indicam a aplicação do protocolo de dor torácica. Isso deve ocorrer na Unidade de Dor Torácica (UDT), ambiente semelhante à UTI dentro do pronto atendimento.
– O que deve estar disponível na UDT: leito individual com monitoramento também individual, além de um carrinho de emergência (com desfibrilador, medicamentos específicos e materiais para intubação oro-traqueal, ventilação e acesso venoso central).
– O que deve ocorrer em até 10 minutos após a chegada à emergência: avaliação clínica, que inclui a realização de eletrocardiograma (ECG) de 12 variações e administração de morfina, oxigênio, nitrato e AAS (MONA).
– A partir dos 10 minutos: Punção venosa e encaminhamento do paciente para o tratamento específico a cada caso de infarto agudo do miocárdio. Os que tiverem angina instável (com dor isquêmica, ECG e marcadores de necrose normais) podem permanecer na UDT.
Na conduta do infarto agudo do miocárdio, os demais pacientes devem ser encaminhados à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), devido ao risco de disfunção ventricular aguda e arritmias complexas – que são as complicações mais frequentes. Isso abarca os casos de:
– IAM com supradesnível do segmento ST: dor isquêmica, ECG com supra-ST e marcadores de necrose anormais;
– IAM sem supradesnível de ST: marcadores de necrose e com eletrocardiograma normal ou inespecífico sem supra-ST.
O que deve estar disponível na UTI: Administração medicamentosa, reabilitação cardíaca, angioplastia coronária (ou Intervenção Coronária Percutânea), trombólise ou cirurgia de ponte ou bypass.
Fonte:
Secad artmed