A ascaridíase tem distribuição universal. Ela se concentra nas regiões tropicais e subtropicais com condições sanitárias precárias. Ascaridíase é a infecção intestinal mais comum por helminto no mundo. A prevalência é mais alta em crianças de 2 a 10 anos e diminui nas faixas etárias mais altas. Estimativas atuais sugerem que cerca de 800 milhões de pessoas estão infectadas, e até 2.000 das pessoas infectadas (principalmente crianças) morrem a cada ano de obstrução intestinal ou biliar.
Nos EUA, a maioria dos casos ocorre em refugiados, imigrantes ou viajantes para regiões tropicais endêmicas.
Seres humanos são infectados por A. lumbricoides quando ingerem os ovos, muitas vezes em alimentos contaminados por fezes humanas. A infecção também pode ocorrer quando se coloca na boca mãos ou dedos com sujeira contaminada.
Seres humanos também podem ser infectados por A. suum, um verme filiforme intimamente relacionado presente nos suínos, depois que os cistos são ingeridos em alimentos contaminados com fezes ou quando as larvas na carne de porco crua ou mal cozida são ingeridas.
Fisiopatologia
Ovos de A. lumbricoides ingeridos eclodem no duodeno e as larvas resultantes penetram na parede do intestino delgado, migrando pela circulação portal através do fígado para o coração e para os pulmões. As larvas se fixam nos vasos capilares alveolares, penetram nas paredes alveolares e ascendem à árvore brônquica para a orofaringe. São ingeridos e voltam ao intestino delgado, no qual se desenvolvem até vermes adultos, se acasalando e liberando ovos nas fezes. O ciclo de vida é completado em aproximadamente 2 a 3 meses; vermes adultos vivem 1 a 2 anos.
Uma massa emaranhada de vermes na infecção grave pode produzir obstrução de intestino, em particular em crianças. Vermes adultos individuais com migração aberrante ocasionalmente obstruem os ductos biliares ou pancreáticos, provocando colecistite ou pancreatite; colangite, abscesso no fígado e peritonite são menos comuns. Febre causada por outras doenças ou certos fármacos (p. ex., albendazol, mebendazol, tetracloretileno) pode provocar migração anômala.
Sinais e sintomas
Larvas de Ascaris que migram para os pulmões podem causar tosse, sibilos e, ocasionalmente, hemoptise ou outros sintomas respiratórios nas pessoas sem exposição prévia ao Ascaris.
Vermes adultos em pequeno número em geral não produzem sintomas GI, embora a passagem de um verme adulto pela boca ou pelo reto possa levar um paciente assintomático a procurar um serviço de saúde. Obstrução intestinal ou biliar causa cólicas abdominais, náuseas e vômitos. Icterícia é incomum.
Até mesmo infecções moderadas podem conduzir à desnutrição em crianças. A fisiopatologia não é conhecida e pode incluir competição por nutrientes, prejuízo de absorção e redução de apetite.
Diagnóstico
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Exame microscópico das fezes
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Identificação dos vermes adultos nas fezes ou que surgem do nariz, boca ou reto
O diagnóstico da ascaridíase é feito pela detecção microscópica dos ovos nas fezes ou observação dos vermes adultos que surgem do nariz ou da boca. Ocasionalmente, larvas podem ser encontradas no escarro durante a fase pulmonar.
A eosinofilia pode ser intensa quando as larvas migram para os pulmões, mas em geral cede quando os vermes adultos se fixam no intestino. Radiografia de tórax durante a fase pulmonar pode mostrar infiltração (síndrome de Löffler).
Tratamento
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Albendazol, mebendazol ou ivermectina
Deve-se tratar todas as infecções intestinais.
Albendazol, 400 mg, VO, em dose única, mebendazol, 100 mg, VO, 2 vezes/dia, durante 3 dias, ou 500 mg, VO, dose única, ou ivermectina 150 a 200 mcg/kg, VO, em dose única é eficaz. Albendazol, mebendazol e ivermectina podem prejudicar o feto, e deve-se contrabalançar o risco do tratamento em gestantes infectadas por Ascaris com o risco de não tratar a doença.
Dados recentes sugerem que a nitazoxanida também é eficaz para infecções leves por Ascaris, mas menos eficaz para infeções intensas. Piperazina, que era utilizada em larga escala, foi substituída por alternativas menos tóxicas.
Pode-se tratar de maneira eficaz as complicações obstrutivas com terapia anti-helmíntica ou pode ser necessária extração cirúrgica ou endoscópica dos vermes adultos.
Quando os pulmões são comprometidos, o tratamento é sintomático: broncodilatadores e corticosteroides. Em geral, usam-se fármacos anti-helmínticos
Prevenção
A prevenção da ascaríase requer condições sanitárias adequadas.
As estratégias de prevenção incluem
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Lavar bem as mãos com sabão e água antes de manusear alimentos
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Lavar, descascar e/ou cozinhar todos os vegetais e frutas crus antes de ingeri-los
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Evitar o consumo de legumes crus ou não lavados em áreas onde fezes humanas são usadas como fertilizante.
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Não defecar ao ar livre
Pontos-chave
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A ascaridíase é a infecção intestinal por helminto mais prevalecente no mundo.
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Os ovos eclodem no intestino, e a larvas primeiro migram para os pulmões e então para o intestino, onde amadurecem.
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Larvas nos pulmões podem causar tosse e sibilos; vermes adultos podem obstruir o intestino.
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Diagnosticar por meio de exame microscópico das fezes; ocasionalmente, são vistos vermes adultos.
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Tratar com albendazol, mebendazol ou ivermectina; as obstruções podem exigir extração cirúrgica ou endoscópica dos vermes.
Fonte:
Manual MSD