Qual a diferença entre o melanoma e o câncer de pele não-melanoma? Por que um é mais raro e mais grave e outro, mais comum e inofensivo? O dermatologistaPedro Dantas, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que o melanoma surge a partir dos melanócitos, células que produzem a melanina que dá cor à pele. Diferentemente dos outros subtipos de câncer de pele mais comuns, o melanoma tende a evoluir rapidamente e fazer metástase precocemente, sendo mais agressivo. Já o não-melanoma leva mais tempo para evoluir para metástase e costuma ser lesões sangrantes e de crescimento lento, curadas com cirurgia.
O melanoma se desenvolve sobre uma pinta preexistente? O dermatologista afirma que o melanoma pode se desenvolver a partir de uma pinta que esteja na pele desde a infância, no entanto, isso não é o mais comum. Segundo ele, em cerca de 66% dos casos o melanoma surge sem lesão anterior. Por essa razão, é preciso ficar atento a “pintas” mais recentes e que costumam aumentar de tamanho ou mudar as características rapidamente.
O câncer de pele é subestimado? Mais do que subestimado, ele é desconhecido, afirma a dermatologista Jade Martins, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD. “As pessoas não têm ideia de quão frequente é o câncer de pele”. Segundo ela, a maioria se assunta quando recebe o diagnóstico de câncer de pele. Mas algumas, mesmo tendo o melanoma – de crescimento rápido e risco de metástase –, não compreende sua gravidade e não dá seguimento ao tratamento.
O câncer de pele é o mais frequente do mundo? Sim. O câncer de pele não-melanoma é o mais frequente no Brasil e no mundo, mas o tipo melanoma representa apenas 3% dos casos de câncer de pele no país. Este ano são esperados 6 mil novos casos, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer). A maioria dos casos ocorre na região Sul, em pessoas de pele clara.
O melanoma, se não diagnosticado precocemente, tem risco de metástase. Para qual órgãos se estende? Pode matar? O melanoma é o mais letal dos cânceres de pele principalmente pelo seu grande potencial metastático, conforme explica o dermatologista. Ele pode se disseminar para vários órgãos, como pulmões, fígado, cérebro, ossos e linfonodos. A taxa de sobrevida em 5 anos é menor que 10%.
Há uma parte do corpo em que ele é mais comum? O melanoma pode aparecer em qualquer parte da pele, inclusive nas unhas e nas mucosas da boca, dos olhos e da região genital, segundo Dantas. Mas as áreas mais acometidas são as mais expostas ao sol como cabeça, tronco superior, antebraços e pernas, do joelho para baixo.
Como prevenir esse tipo de câncer? O melanoma tem um fator genético e ambiental. A principal ação do ambiente é a exposição à radiação ultravioleta, segundo Dantas. Portanto, a melhor forma de preveni-lo é evitar a exposição ao sol, tanto as queimaduras quanto a exposição contínua cumulativa. Já a dermatologista ressalta a importância de se fazer um exame dermatológico anual.
Quem tem mais risco de desenvolver melanoma? Pessoas com história de câncer de pele na família, pele clara, história prévia de outros cânceres de pele e albinismo. O dermatologista ressalta que o diagnóstico precoce é essencial para diminuir o risco de morte, principalmente nesses pacientes com risco aumentado.
Como é o tratamento? É preciso fazer quimioterapia? O principal tratamento é a retirada cirúrgica que, quando feita precocemente, leva à cura da doença. “Infelizmente, alguns casos são diagnosticados tardiamente e, além do procedimento cirúrgico, pode ser necessária a complementação com radioterapia ou quimioterapia”, diz o médico.
Quem teve melanoma tem risco para outros tipos de câncer e vice-versa? O dermatologista afirma que o melanoma pode estar associado a alterações genéticas que predispõem a outros tipos de câncer em cerca de 5% a 10% dos casos, tanto o surgimento de novos melanomas como de câncer de pâncreas e de mama, dependendo da alteração genética.