A hipófise é uma glândula endócrina tão pequena quanto uma ervilha e se localiza na base do crânio, no meio da cabeça e diretamente atrás do nariz. Apesar de seu tamanho, a sua importância para o desenvolvimento humano é enorme: além de controlar a função das glândulas da tireoide e adrenal, a hipófise também produz somatotropina, conhecido como o hormônio do crescimento.
A somatotropina é secretada durante toda a vida e particularmente durante o sono. Enquanto nas crianças seu principal papel é o crescimento esquelético, em adultos o hormônio do crescimento está envolvido no metabolismo dos músculos, dos ossos e do tecido adiposo. Porém, quando esse é produzido de forma descontrolada e liberado em grandes quantidades, problemas como gigantismo e acromegalia podem ocorrer.
Como regra geral, o gigantismo ocorre em crianças e adolescentes, pois os ossos ainda estão crescendo e são suscetíveis aos efeitos do hormônio do crescimento, e a acromegalia atinge adultos entre os 30 e 50 anos e conta com sinais e sintomas que vão desde dores articulares e suor excessivo, a alterações nas feições faciais, pele, dentes e voz.
“A acromegalia pode afetar as pessoas de formas diferentes. Ao longo do tempo, as mudanças físicas vão ficando mais evidentes, como por exemplo: um anel que não serve mais, sapatos mais apertados, alteração na aparência física… Mesmo assim, mudanças drásticas só são percebidas quando o quadro já está avançado, pois outros sintomas são facilmente tidos como parte normal do envelhecimento”, explica o Dr. André Mello, Gerente Médico da Endocrinologia e Oncologia da Ipsen.
Os sintomas comuns da acromegalia são dores articulares, cefaleias, fadiga, HAS, problemas no coração e mau-humor exacerbado. Esse quadro, principalmente quando visto em mulheres a partir dos 40 anos, ainda podem ser encarados como o começo da menopausa. “A síndrome do túnel do carpo também é comum em pacientes com acromegalia. Ao procurarem pela ajuda de um profissional para tratar as dores, por exemplo, o médico pode acabar passando uma medicação apenas para amenizá-la. A doença em si, muitas vezes, só vai ser diagnosticada quando a pessoa nota a mudança física, forte característica de um estágio já avançado”, reforça.
Causas
De acordo com a World Alliance of Pituitary Organizations, um tumor benigno não-canceroso na hipófise chamado adenoma é a principal causa de acromegalia, ocorrendo em 98% dos casos. Esse tumor produz hormônio do crescimento, o que leva a uma alta nos níveis de somatotropina no sangue. Por sua vez, a alta desse nível faz com que o fígado produza o fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1).
“Muito IGF-1 no sangue leva a um aumento anormal de ossos e tecidos, podendo causar também uma resistência à insulina, levando ao diabetes. Embora estudos genéticos estejam em andamento, a maioria dos casos de acromegalia não são herdados e nós ainda não sabemos exatamente o que desencadeia um adenoma”, complementa.
Diagnóstico e tratamento
Como mencionado, a acromegalia é uma doença rara com alguns sintomas que são comuns e, por essa razão, o diagnóstico correto pode levar um tempo para acontecer. Mesmo assim, é possível que o primeiro profissional a desconfiar de um quadro envolvendo o hormônio do crescimento seja um clínico geral, quando procurado para ajudar no tratamento das dores de cabeça e nas articulações, ou até mesmo um dentista que pode apontar o aumento nos espaços entre os dentes ou da língua.
De qualquer forma, ao desconfiar de um quadro mais sério, é possível que o atendimento secundário seja feito por um endocrinologista, o mesmo profissional que será o ponto de contato central caso o diagnóstico de acromegalia seja concluído.
“Uma vez diagnosticado, os tratamentos podem variar entre cirurgia para remoção do adenoma de hipófise, medicamentos capazes de inibir a produção excessiva de hormônios no organismo, aliviando os principais sintomas da doença. Além disso, há também a possibilidade de terapia com radiação ou uma combinação entre os três citados”, conta o médico.
Fonte:
SnifDoctor
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