Pergunta : Bruno ( FURB – Blumenau ) |
Olá Dr! No 4o ano do curso de medicina, comecei a gostar bastante de algumas áreas da ORL e despertei mais interesse por Cirurgia Cérvico-Facial. Qual o melhor caminho: ORL + Cirurgia Cérvico-facial OU Cirurgia geral + Cirurgia Cérvico Facial? |
Resposta :
De um modo geral, a especialidade cirurgia de cabeça e e pescoço está ligada aos departamentos de otorrinolaringologia, embora seja uma residência independente.
A residência médica nessa área tem a duração de 2 anos com pré requisito de 2 anos de cirurgia geral. Recentemente passou a ser aceita a residência de otorrino como pré requisito.
Alguns serviços de otorrino também oferecem vagas de “Estágio” para médicos com título de especialista em Otorrinolaringologia que desejem aperfeiçoar sua formação em cirurgia de cabeça e pescoço. Este programa possui 2 (dois) anos de duração e processo seletivo específico
A cirurgia de cabeça e pescoço é uma especialidade ímpar que exige dos cirurgiões que a praticam, sólidos conhecimentos em cirurgia geral, plástica reparadora, cirurgia oncológica e ortopédica. Além disso, o fato do câncer do trato aero-digestório superior representar um percentual significativo das doenças da cabeça e pescoço exige, do especialista nesta área, conhecimentos em oncologia clínica e radioterapia. O intercâmbio com os diferentes especialistas da área médica (em especial, neurocirurgia, otorrinolaringologia, cirurgia plástica, cirurgia do aparelho digestório, bucomaxilofacial, anestesiologia e terapia intensiva) é fundamental para a consecução de bons resultados. Também é de fundamental importância à inter-relação com outros profissionais, em especial a enfermagem, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, fisioterapia, odontologia e prótese bucomaxilofacial.
Os programas de residência nessa especialidade consistem de participação nos ambulatórios específicos, onde além de aprenderem noções básicas sobre o exame otorrinolaringológico completo, principais afecções de cabeça e pescoço, propedêutica, diagnósticos, diagnósticos diferenciais e tratamentos propostos, discutem casos com os preceptores do dia, fazem procedimentos como biópsia, punção, drenagem de abscessos, troca de cânulas de traqueostomia, além de exames complementares como nasofibrolaringoscopia e laringoscopia direta.
Mais frequentemente nessa especialidade vc vai lidar com:
Oncologia cirúrgica de Cabeça e Pescoço. Tratamento de tumores benignos e malignos da glândula tireóide e das glândulas salivares. Sialoendoscopia. Tratamento de tumores congênitos de Cabeça e Pescoço. Tratamento de tumores de pele. Tratamento dos tumores de base de crânio. Cirurgia robótica de tumores de orofaringe
O Mercado é carente de bons profissionais, que precisam ter uma boa habilidade manual e como alguma cirurgias de cabeça e pescoço são também realizadas por neurocirurgiões, cirurgiões bucpmaxilo e otorrinos, o profissional dessa área leva um tempo maior para se estabelecer na especialidade.
A Cirurgia Geral não é uma especialidade muito valorizada no Brasil, até porque a maioria dos médicos termina por se sub-especializar depois da residência em cirurgia geral. O tempo de formação acaba sendo maior e a vida útil do profissional é menor ( a medida que ele vai envelhecendo, a clientela vai preferindo médicos mais jovens ), a remuneração do cirurgião geral é ruim porque a tabela dos convênios é muito baixa e a qualidade de vida é precária.
Se vc optar pela cirurgia, quando estiver fazendo os dois anos obrigatórios de cirurgia geral, vai poder entrar em contato com as várias opções de sub especialidades cirúrgicas e consequentemente fazer uma escolha mais adequada.
Reproduzindo matéria da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial:
“A formação em Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial é uma possibilidade do médico ORL se diferenciar no competitivo mercado de trabalho atual e ampliar significantemente suas atuações como cirurgião. Atualmente, é a única área dentro da ORL que possibilita ter um título de especialista reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira.
Com a resolução de 2002 do Conselho Federal de Medicina, oficializou-se que no Brasil a Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial é uma área de atuação de três especialidades médicas: Otorrinolaringologia, Cirurgia Plástica e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que atuar em Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial é atuar em Otorrinolaringologia. “Não se trata de uma área diferente do resto da ORL, é como trabalhar em Otologia, Rinologia ou Cirurgia de Cabeça e Pescoço”, explica o Dr. Anderson Castelo Branco, coordenador da Comissão de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial da ABORL-CCF. Ele diz que nem todos os centros de formação em Otorrinolaringologia são capazes de oferecer uma adequada formação básica durante o período de residência médica. “Felizmente, dispomos de diversos centros de formação em Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial em todo o Brasil, e o melhor, a meu ver, é que o Otorrinolaringologista pode optar por fazer sua capacitação em um centro de Otorrinolaringologia ou de Cirurgia Plástica ou de Cirurgia de Cabeça e Pescoço”, diz Branco. No site da Associação Brasileira de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial (www.abccmf.org.br) estão disponibilizados os atuais Centros de Treinamento oficiais.”
Concluindo : Se realmente pensa em se especializar em cirurgia de cabeça e pescoço, o caminho pela residência em cirurgia geral e depois residência em cirurgia de cabeça e pescoço me parece que vai te dar um embasamento cirúrgico melhor.
Sucesso
Mário Novais