Olá, eu sou estudante do sexto ano de medicina e estou em dúvida na escolha da especialidade, entre cancerologia clínica e infectologia, são duas áreas que eu gosto bastante, que lidam com pacientes críticos e possuem uma forte carga emocional na relação médico-paciente. Porém para ajudar na minha escolha, eu gostaria de ter uma comparação direta entre essas duas especialidade, em relação à qualidade de vida, remuneração e mercado de trabalho em cidades de médio e pequeno porte, longe de grandes centros (interior de SP). Desde já, obrigado pela atenção!
Resposta :
Independente de analisar a qualidade de vida e a remuneração possibilitada pela especialidade, é muito importante vc analisar como será o seu cotidiano na especialidade, ou seja como vai se sentir com as patologias com as quis vai lidar.
Algumas informações sobre essas duas especialidades poderão te ajudar na escolha :
O futuro da oncologia clínica é bastante promissor, tanto do ponto de vista científico quanto do ponto de vista do mercado de trabalho. O oncologista clínico não precisa realizar cirurgias, mas vai precisar trabalhar em equipe, referenciando seus pacientes cirúrgicos, assim como os que necessitem de radioterapia.
Embora ele não seja obrigado a realizar quimioterapias em sua clínica, a QT pode ser uma boa fonte de renda, embora muitos planos de saúde estejam criando seus próprios serviços ( principalmente em grandes centros); o que diminui o mercado para oncologistas empreendedores.
Existem vários pagamentos para a quimioterapia, dependendo do tipo. Nos tratamentos normalmente existe uma remuneração pela sessão inicial e depois separadamente pagamentos pelas seções subsequentes.
Uma quimioterapia intra tecal, por exemplo, tem uma remuneração bem melhor. Independente do procedimento médico, as clínicas de QT faturam bastante lucro com a medicação utilizada e as sessões são relativamente curtas permitindo um atendimento de muitos pacientes num mesmo turno de trabalho.
A oncologia é uma das especialidades que mais vai ser beneficiada com a nanotecnologia e com utilização de nano cápsulas e nano cristais. Alguns tratamentos com essa tecnologia já estão sendo empregados.
Um resumo geral da especialidade vai abaixo :
A oncologia é uma das especialidades que mais tem evoluído nos últimos tempos, já que muitos tipos de câncer passaram a ser tratados com bastante sucesso.
A clientela do oncologista (cancerologista clínico) vem aumentando bastante com a valorização da importância que se tem dado ao diagnóstico precoce dos vários tipos de câncer, através de exames preventivos de rotina, como colonoscopia, mamografia, preventivo de câncer de colo uterino e de próstata, além da preocupação atual com o câncer de pele. A detecção destas patologias em estágio inicial faz com que a oncologia seja uma boa opção do ponto de vista mercadológico.
Como aspecto negativo para a oncologia, vale a pena ressaltar que é considerada uma especialidade “triste”, pelo tipo de paciente com que lida e com muitas patologias de mal prognóstico. Conviver com a morte de pacientes e com cuidados com pacientes terminais exige do profissional uma estrutura pessoal forte e nem todos conseguem lidar bem com isso.
A qualidade de vida do profissional é razoável, os ganhos financeiros são bons e o mercado é carente de bons profissionais.
O programa de residência médica em cancerologia clinica tem a duração de 3 anos, sendo exigido como pré requisito a residência em clinica médica.
No site da sociedade brasileira de oncologia clinica (www.sboc.org.br) vc pode encontrar mais informações sobre os serviços credenciados e sobre as competências exigidas para o profissional dessa área.
Atualmente as exigências técnicas são grandes para se abrir um clínica de oncologia com tratamentos no local. Veja abaixo as recomendações da Anvisa.:
Brasília, 14 de outubro de 2004 – 18h
Anvisa estabelece regras para quimioterapia
Estabelecimentos públicos e privados do país que realizam tratamento de quimioterapia terão um ano para adequar-se ao primeiro Regulamento Técnico de Funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica, que consta na Resolução RDC nº 220, de 21 de setembro de 2004.
A resolução estabelece requisitos mínimos para o funcionamento dos serviços e normatiza o preparo e a administração dos medicamentos utilizados, bem como aspectos referentes às instalações físicas, aos materiais, aos equipamentos de proteção individual e coletiva, às questões de biossegurança e aos recursos humanos para minimizar riscos aos usuários e profissionais de saúde envolvidos.
A partir da regulamentação, os estabelecimentos de saúde deverão manter um local centralizado para o preparo desses medicamentos, em área restrita e exclusiva, dotada de cabine de segurança biológica. E o profissional de saúde deverá fazer uso de equipamentos de proteção individual. Até então esses procedimentos não estavam regulamentados.
Redução dos riscos – No conjunto de normas há ainda recomendações quanto aos cuidados com fluidos corpóreos dos pacientes e especificação dos itens do kit derramamento, composto por substâncias que devem ser utilizadas para inativação do medicamento em casos de acidente pessoal ou ambiental, entre outras recomendações.
Os antineoplásicos são considerados medicamentos de risco, que podem causar genotoxicidade (mutação genética), carcinogenicidade (câncer) e teratogenicidade (má-formação fetal). Daí a grande necessidade de regulamentação.
O regulamento foi elaborado por técnicos da Anvisa e de entidades representativas da área, entre janeiro e setembro de 2003. Durante o processo de consulta pública, aberto em novembro do mesmo ano, foram recebidas 52 contribuições de clínicas, hospitais, profissionais autônomos e instituições como o Instituto Nacional de Câncer (Inca), vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, conselhos regionais de Farmácia (CRF), conselhos regionais de Enfermagem (COREN) e da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF), entre outros.
Atualmente, cerca de 100 mil pacientes passam por tratamento quimioterápico no Sistema Único de Saúde (SUS), que é responsável por 90% da cobertura no país e atendeu mais de 1,3 milhão de pessoas nesse tipo de procedimento no ano passado.
O descumprimento das determinações constitui infração de natureza sanitária, sujeitando o infrator a processo e penalidades previstas na Lei Federal 6.437.Como oncologista clínico, não fazendo QT no consultório, o mercado ainda é bom. |
A infectologia foi uma das especialidades que mais progrediu em termos de status nos últimos anos. Anteriormente rotulada como especIalidade que tratava somente de doenças raras e crônicas como esquistossomose , calazar e doença de chagas, com o aparecimento da AIDS e novas doenças como Influenza H1N1 evoluiu para um aumento significativo da clientela.
Além disso, desde a morte do presidente Tancredo Neves, vitima de infecção hospitalar, passou a ser exigido dos hospitais a criação das comissões de controle de infecção hospitalar com normas rígidas de funcionamento, abrindo um mercado interessante em termos de consultoria para os profissionais dessa especialidade.
O mercado ainda é carente de profissionais, tanto na área de consultórios como nas solicitações de pareceres em pacientes internados em aptos, enfermarias e unidades de tratamento intensivo.
Esse é o principal mercado em cidades grandes ( consultórios próprios que até independem de convênios porque lida com casos especiais, centros de saúde, pareceres em pacientes internados com infecções resistentes e consultoria na organização e acompanhamento de CCIHs )
No momento, a epidemia de Dengue, Zica, Chicunguia e febre amarela em varias cidades tb estimula o mercado de infectologia.
Em cidades do norte do Brasil, o controle de doenças como febre amarela e malária tb é um mercado promissor para esses especialistas na área de saúde publica principalmente.
Pela AIDS, pelas novas doenças infecciosas que vão continuar aparecendo periodicamente, pelas CCIHs e pelo consequente aumento rápido da clientela, a DIP passou a ser uma das melhores especialidades do momento.
O especialista nessa área pode ter contrato com mais de um hospital como responsável pela CCIH, dar pareceres em pacientes internados e ainda ter seu próprio consultório.
A qualidade de vida é boa e a remuneração também.
Concluindo : as duas especialidades podem ser consideradas tristes pelos tipos de doenças com as quais lida e embora as duas venham recebendo novos e melhores tratamentos, ainda lidam com pacientes sem cura.
A qualidade de vida das duas especialidades é semelhante. O Mercado de trabalho para a oncologia é maior. A remuneração também é semelhante.
Sucesso
Mário Novais |