A anestesia, como conhecemos hoje, é uma aquisição recente na história da humanidade. Sabe-se que, na Antiguidade, eram realizados alguns tipos de cirurgia e prova disso são os instrumentos cirúrgicos egípcios em exposição nos museus. Portanto, as civilizações antigas deviam conhecer fórmulas para driblar a dor e operar as pessoas. Relatos provenientes da Grécia Antiga indicam que Hipócrates utilizava a esponja soporífera embebida em substâncias sedativas e analgésicas extraídas de plantas e que o médico Dioscórides descobriu os efeitos anestésicos da mandrágora. Já os chineses se valiam dos conhecimentos de acupuntura e os assírios comprimiam a carótida, para impedir que o sangue chegasse ao cérebro no intuito de abolir a consciência do paciente para operá-lo. O congelamento da região a ser operada por gelo ou por neve, a embriaguez do paciente pelo vinho e a hipnose foram outros recursos usados para aliviar a dor no passado.
Quando de nada adiantavam, as cirurgias eram realizadas a frio, com os doentes imobilizados à força. Era terrível! O grandes cirurgiões eram assim titulados por sua velocidade no processo cirúrgico rudimentar.
Desde então, principalmente a partir do século XIX, sucessivos avanços foram registrados na anestesia e o panorama da área mudou muito em pouco tempo.
No dia 16 de outubro de 1846 ocorreu a primeira demonstração na história de um procedimento realizado sob efeito de anestesia geral. Tal fato aconteceu no anfiteatro cirúrgico do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, em uma cirurgia de extração de um tumor cervical de um jovem de 17 anos promovida pelo cirurgião John Collins Warren. William Morton, dentista que promoveu o grande feito, ficou reconhecido por sua demonstração como pai da anestesia ao utilizar o éter.
Outros indivíduos, como Horace Wells e Crawford Long, já manuseavam substâncias anestésicas em cirurgias antes de Morton, de acordo com farmacologistas pesquisadores da história da anestesia da UFRJ. Wells manejava o óxido nitroso, também conhecido como gás hilariante, tendo experimentado em si mesmo pela primeira vez em cirurgia de extração de seu próprio dente, enquanto Long havia usado do éter em cerca de 8 cirurgias superficiais 4 anos antes de Morton – deixando de fazê-lo em seguida com receio de matar seus pacientes e ser linchado pela população na época.
Hoje, a anestesia é um procedimento médico de altíssima segurança que promove analgesia completa enquanto o paciente é operado, auxiliando ainda na redução das complicações desses procedimentos. Foi essencial, portanto, para o avanço dos cuidados invasivos na medicina.