A anestesia local é sem dúvida uma medida primordial que nos permite realizar uma série de procedimentos comuns, tais como pequenas cirurgias de pele, sutura de feridas traumáticas, providenciar um acesso arterial ou venoso profundo, etc.
Existem diversos anestésicos que podemos usar afim de bloquear a dor de uma pequena região do corpo. Diferentes drogas apresentam diferentes limiares tóxicos, duração de efeito e tempo de latência. O agente mais usado no nosso meio é a lidocaína a 1% ou 2%, que pode estar associada à epinefrina, o que dobra o tempo do efeito do anestésico. Isto permite que infiltremos quantidades menores da droga, logo o risco de efeitos adversos é menor. Por um outro lado, na anestesia de extremidade existe o grave risco de isquemiar o membro infiltrado, por isso seu uso nessas situações é prescrito. A lidocaína apresenta rápida ação e efeito anestésico duradouro.
É importante lembrar que os nervos periféricos encontram-se próximos da transição da derme e tecido subcutâneo, portanto devemos procurar injetar o anestésico nesta região de forma a minimizar a dor da própria injeção da anestesia.
As contraindicações para a anestesia local são:
- Instabilidade hemodinâmica
- Alergia ao anestésico
- Doença renal ou hepática grave (dependendo do anestésico usado)
- Distúrbio mental que possa mascarar os efeitos adversos da lidocaína
Já para infiltrações combinadas com a epinefrina as contraindicações são:
- Feocromocitoma ou hipertireodismo não tratado (contraindicação absoluta)
- Anestesia de extremidades, como dedos, ponta do nariz, orelha… (contraindicação absoluta)
- Hipertensão não tratada
- Doença coronariana ou vascular periférica graves
- Gravidez
- Glaucoma de ângulo agudo
- Em pacientes que fazem uso de certas drogas tais como beta-bloqueadores e antidepressivos tricíclicos
As possíveis complicações locais são:
- Equimoses
- Edema
- Infecção
- Lesão de nervo periférico
- Paralisia temporária de nervo motor
Já as complicações sistêmicas ocorrem principalmente quando o anestésico é injetado na circulação:
- Hipotensão
- Bradicardia
- Depressão/estimulação do sistema nervoso (fala incompreensível, rebaixamento do nível de consciência, desorientação, tremor, agitação, fraqueza, convulsões, paralisias, coma, insuficiência respiratória, arritmias)
Entretanto, a anestesia local é um procedimento muito seguro. A maioria dos pacientes apresenta hipotensão, bradicardia e até síncope por conta do medo da injeção em si. Mais ainda, antes de injetar a droga devemos sempre aspirar com a seringa, pois assim podemos determinar com segurança se a agulha encontra-se em vaso ou não. Esta simples medida evita drasticamente o risco de efeitos adversos sistêmicos.
Antes de realizarmos a anestesia, devemos explicar ao paciente o que iremos fazer e colocá-lo em posição supina. Desta forma, se ele desmaiar ele não irá se machucar!
A anestesia em si é muito simples. Com uma seringa agulhada, aspiramos o anestésico e infiltramos a região a ser anestesiada com alguns botões anestésicos de forma a bloquear os nervos daquela região. Lembrando que antes de injetarmos sempre aspiramos afim de verificar se algum vaso foi canulado.
A parte mais complexa da anestesia é calcular a dose máxima que pode ser administrada. No caso da lidocaína, o máximo permitido é 4mg/Kg de peso. Na lidocaína a 1% temos 10mg da droga pra cada 1mL. Isto significa que um adulto de 60Kg não pode receber mais do que 24mL de solução anestésica.
Fonte: Dehn RW, Asprey DP. Essential Clinical Procedures. 3rd;3; ed. Philadelphia, Pa;London;: Elsevier/Saunders; 2013;2012;.