A punção de uma artéria seguida de colheita de sangue é um procedimento simples mas extremamente útil uma vez que isto nos permite realizar a gasometria arterial, que nos fornece o pH do sangue e outros parâmetros que determinam o pH. A arterial radial é o principal vaso usado para a coleta de sangue arterial.
O procedimento está contraindicado nas seguintes situações:
- O pulso da artéria não é palpável (contraindicação absoluta)
- Teste de Allen negativo (contraindicação absoluta)
- Quando soubermos de doença vascular da artéria a ser puncionada, tais como ateroesclerose, aneurismas, vasculite, etc. (contraindicação absoluta)
- Coagulopatia (contraindicação relativa)
- Infecção, queimadura ou irritação local (contraindicação absoluta)
Para todas as contraindicações absolutas acima, devemos escolher um sítio de punção alternativo, como a artéria femoral, muito embora nesta o risco de infecção seja maior.
As possíveis complicações na punção arterial são:
- Hemorragia e hematoma locais (procure sempre usar a menor agulha possível e comprima o sítio da punção pelo maior tempo possível) – mais comum na artéria femoral
- Trombose (procure sempre usar a menor agulha possível e realize sempre o teste de Allen) – mais comum na artéria radial
- Espasmo arterial transitório
- Lesão de nervo periférico
- Infecção – mais comum na artéria femoral
Anatomia
A artéria radial encontra-se imediatamente medial ao osso homônimo, próximo ao punho. Seu trajeto neste ponto é superficial e paralelo ao rádio, por isso é facilmente palpável entre o processo estilóide e o tendão do músculo flexor radial do carpo
Já artéria femoral encontra-se aproximadamente entre o terço médio e o terço medial do ligamento inguinal. Esta sempre será um acesso de segunda escolha!!!
Teste de Allen
Peça para o paciente elevar o antebraço a ser puncionado. Em seguida, comprima tanto a artéria radial como a ulnar e o paciente irá abrir e fechar a mão repetidamente até que a palma fique pálida. Por fim, abaixe a mão do paciente e libere somente a pressão sobre a artéria ulnar. No teste positivo (normal), a cor normal da palma retorna em até 15 segundos. Caso contrário, isto nos mostra que apenas a artéria radial irriga este membro, logo é proibitiva a punção do vaso.
Arterial radial
Depois de realizar o teste de Allen, posicione o paciente em posição supina com o membro a ser puncionado estendido ao longo do corpo ou em abdução. Coloque um pequeno coxim sob o punho, de forma a hiperestender a mão de forma sutil (isto facilita a palpação do vaso). Você precisa de:
- Agulha de insulina
- Solução asséptica (alcoólica, clorexidina ou iodo)
- Gaze estéril
- Seringa de 10 mL
- Heparina
- Luvas de procedimento
Vista as luvas e realize a assepsia da região. Monte a agulha na seringa e aspire um pouco de heparina. A heparina deve molhar toda a superfície interna da seringa algumas vezes. Feito isso, descarte todo o líquido e ar na seringa.
Com a sua mão não-dominante, palpe o pulso radial. Com a sua mão dominante, entre com a agulha da seringa com o bisel voltado para cima em um ângulo de 45º graus com a pele, seguindo o trajeto da artéria de distal para proximal, ou seja, em direção aos seus dedos que palpam o pulso.
Avance lentamente com a agulha ao mesmo tempo que aspira com a seringa. Não é necessário ir fundo, pois a artéria é bem superficial. Aspire cerca de 3-5mL de sangue.
Retire a agulha e a seringa e comprima o local com uma gaze estéril por alguns minutos (quanto mais melhor). Despreze a agulha e certifique-se de que não há ar algum na seringa. Rode a seringa entre as palmas das duas mãos de forma a “misturar” a heparina com o sangue.
Artéria femoral
O procedimento é quase idêntico, exceto pelo o seguinte:
- Usamos uma agulha mais longa (preta)
- Palpamos o pulso e em seguida entramos com a agulha no local da palpação
- A agulha entra perpendicularmente a pele
Fonte: Dehn RW, Asprey DP. Essential Clinical Procedures. 3rd;3; ed. Philadelphia, Pa;London;: Elsevier/Saunders; 2013;2012;.