Mnemônicos são amplamente usados quando se estuda medicina, principalmente quando estamos nos preparando para as provas de residência. Essa técnica também é muito útil na prática clínica, já que quando criamos rotinas melhoramos a qualidade do nosso cuidado clínico.
Um mnemônico muito usado nos CTIs é o “Give your patient a fast hug (at least) once a day” (Dê um rápido abraço no seu paciente pelo menos uma vez ao dia). FAST HUG nada mais é do que uma sigla que descreve um checklist que devemos fazer toda vez que estivermos diante de um paciente internado, principalmente no CTI. Os itens deste checklist são:
- Feeding (alimentação)
- Analgesia
- Sedation (sedação)
- Thromboembolic prevention (profilaxia de trombose venosa)
- Head elevation (cabeça elevada)
- Ulcer prophylaxis (profilaxia de úlcera)
- Glucose control (controle da glicemia)
Discutiremos brevemente cada uma dessas medidas individualmente.
Primeiro questionamento que devemos fazer é sobre a alimentação do paciente. Este paciente deve ou não ser nutrido? Se sim, ponderamos qual será a via de administração. Sempre que possível, usa-se preferencialmente a via oral. Se esta não for viável, opta-se pela via enteral. Se essa última também não for possível, inicia-se então a dieta parenteral. Por últimos calcula-se o aporte calórico e escolhe-se o produto a ser usado na nutrição. Não iremos nos aprofundar neste tema, pois o campo da nutrição em terapia intensiva é vasto e tem ganhado cada vez mais importância.
A dor não só é o sintoma mais prevalente na prática médica como também de grande importância. No CTI é importante considerar dois aspectos sobre a dor. O primeiro deles é que muitas vezes os pacientes estão com seu nível de consciência rebaixado, logo a dor deve ser avaliada através de aspectos subjetivos como expressão facial e movimentação no leito ou de indicadores objetivos tais como pressão arterial e frequência cardíaca. O segundo aspecto é frequentemente a analgesia preventiva ou contínua pode ser melhor para o paciente do que a administração SOS dos fármacos para dor. No Brasil, a droga de primeira linha para a dor é a dipirona. Caso a dor não possa ser controlada com esta droga, devemos lançar mão de um opióide, como o fentanil.
CTI e ventilação mecânica andam de mãos dadas e onde temos ventilação temos sedação. O paciente deve estar adequadamente sedado, sempre usando a menor dose possível da droga. As drogas mais usadas para esse fim são os benzodiazepínicos. É importante estar atento aos possíveis efeitos colaterais dos sedativos como por exemplo depressão respiratória.
Os eventos trombóticos venosos, notavelmente a trombose venosa profunda e o tromboembolismo pulmonar, estão intimamente relacionados aos pacientes que tem sua mobilidade reduzida. Em outras palavras, pacientes restritos ao leito apresentam um risco elevado de eventos trombóticos. Afim de evitar estas situações indesejáveis, usamos drogas anticoagulantes e medidas mecânicas. Os fármacos usados são a heparina não fracionada e a enoxaparina. As medidas não farmacológicas incluem o uso de compressor pneumático intermitente nos membros inferiores e a mobilização passiva do paciente, como a troca de decúbito pela enfermagem.
A elevação da cabeceira é a medida mais importante na prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica.
A incidência de úlcera péptica por stress no CTI é alta, pois os pacientes que ali encontramos são acometidos por insultos sistêmicos graves, logo os níveis de cortisol sérico são elevados. Por isso o uso de drogas que elevam o pH gástrico, principalmente inibidores da bomba de prótons e antagonistas do receptor H2, reduzem a incidência de sangramento digestivo.
Por último, a glicemia deve ser monitorada constantemente pela enfermagem. Se necessário, lançamos mão da insulina para manter a glicemia estável.
Fonte: Vincent J. Give your patient a fast hug (at least) once a day. Critical Care Medicine. 2005;33:1225-1229.