Durante a gestação, a necessidade de ferro é maior do que na mulher não grávida (entre 700 e 1.000mg de Fe a mais), devido à formação do feto e dos anexos embrionários. A anemia ferropriva é a principal causa de anemia na gravidez, uma vez que a alimentação por si só não é capaz de suprir ferro suficiente.
Caso haja um desequilíbrio entre oferta e demanda de ferro de ferro, o organismo passará então a usar a reserva de ferro. Se o desbalanço é mantido, desenvolve-se então deficiência de ferro. Caso a deficiência permaneça, teremos então anemia. É importante notar que estes 3 estados (“normal” com uso da reserva de ferro, deficiência de ferro e anemia) fazem parte de um contínuo de tempo e gravidade. Abordaremos neste artigo a prevenção, diagóstico e tratamento da anemia ferropriva. Vale notar que em ambos os casos a formulação de ferro usada é o sulfato ferroso, pela sua eficácia superior. Lembre-se que o sulfato ferroso contém 20% de ferro elementar (Exemplo: 100mg de sulfato ferroso contém 20mg de ferro).
Prevenção
Como a ingestão de ferro é geralmente insuficiente durante a gravidez, indica-se suplementação com ferro elementar na dose de 30-60mg por dia ou 120mg por semana durante 6 meses . Outra maneira de se fazer a reposição usa os valores de ferritina como referência. Entretanto, mesmo que a ferritina sérica permita detectar a deficiência de ferro, seu custo é alto e não é usada rotineiramente. Mais ainda, está indicada a prorrogação da prescrição por mais 6 meses após o parto nas áreas endêmicas para anemia gestacional ou quando há possibilidade da gestante não ser acompanhada para a anemia no pós-parto. Esta suplementação previne de forma eficiente a anemia ferropriva, mas seus benefícios na redução das complicações obstétricas ou neonatais ainda não são claras.
Diagnóstico
A clínica da anemia ferropriva não difere daquela encontrada em outros pacientes. Os sintomas típicos são fadiga, cefaléia, tolerância reduzida aos esforços físicos e pica. Esta geralmente está associada ao desejo de comer substâncias incomuns e bizarras, como gelo, sabão, terra, entre outros. Já no exame físico encontramos mucosas hipocorados, escleras azuladas, unhas frágeis e em vidro de relógio, queilite angular e glossite. Em relação ao laboratório, o hemograma revela, em regra, anemia microcítica (VCM < 80 fL). Às vezes a anemia pode ser normocítica, mas são a minoria dos casos. Os reticulócitos estão inalterados, umas vez que não há hemólise na fisiopatogenia desta forma de anemia. A contagem de leucócitos é normal e as plaquetas podem estar elevadas.
O exame mais fidedigno no diagnóstico de anemia ferropriva é a avaliação da ferritina sérica, pois esta é proporcional às reservas de ferro do organismo. Concentrações de ferritina menores que 10mg/dL confirmam que há deficiência de ferro.
Tratamento
A terapia é feita através da reposição de ferro na dose de 60-180mg de ferro elementar por dia. O sulfato ferroso deve ser tomado fora das refeições, afim de ser melhor absorvido. Medidas como usar doses pequenas que aumentam progressivamente e tomadas durante as refeições reduzem a incidência de efeitos adversos.
Fonte: Filho JdR, Montenegro CAB. Rezende – Obstetrícia. 12 ed: Guanabara Koogan; 2013.
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