Choque é o estado de perfusão sistêmica insuficiente. O desbalanço entre a demanda celular por substratos (principalmente o oxigênio) e o ofertado pela circulação leva a respostas do organismo que a princípio são compensatórias, mas com o decorrer do tempo levam ao dano celular com consequente liberação de moléculas que perpetuam esta situação. A falência múltipla de órgãos e morte são os desfechos inevitáveis caso este ciclo vicioso não seja quebrado.
As principais respostas orgânicas ao choque são:
- Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona
- Ativação simpática
- Liberação de epinefrina e norepinefrina das suprarrenais
- Redução do tônus vagal
- Liberação de ACTH, cortisol, vasopressina e glucagon
- Menor secreção de insulina
Essas alterações levam a:
- Taquicardia e aumento da força de contração cardíaca
- Aumento da resistência vascular periférica e desvio do fluxo para o cérebro e coração (extremidades frias, enchimento capilar prolongado)
- Maior reabsorção tubular de água e sódio (oligúria)
- Aumento da produção de substratos energéticos (gliconeogênese, lipólise, catabolismo proteico…)
As reações do organismo acabam por agravar o choque já que levam ao estado inflamatório, trombose, lesão endotelial e estase que contribuem para a hipoperfusão.
A medida mais importante para interromper o processo de dano e morte celular é restabelecer a oxigenação das células. Como este processo é rápido, o tratamento precoce é fundamental nesta situação. A terapia do choque geralmente baseia-se na administração de fluidos para aumentar o volume intravascular ao mesmo tempo em que se trata de forma específica a causa da perfusão inadequada.
Em grande parte das vezes esta síndrome está acompanhada de hipotensão, que é a pressão arterial medial menor que 60 mmHg. Isto porque abaixo deste valor a função cardíaca e cerebral fica comprometida. Entretanto, a hipotensão não deve ser vista como fator único e essencial para o diagnóstico de choque, uma vez que pode estar ausentes às vezes ou apresentar-se muito tardiamente. Pelo contrário, deve-se atentar ao conjuntos de sinais e sintomas que corroboram a hipótese de hipoperfusão sistêmica, como por exemplo enchimento capilar retardado, oligúria, taquicardia, etc.
Didaticamente, o choque pode ser classificado em:
- Hipovolêmico
- Distributivo
- Séptico
- Obstrutivo
Fontes: 1. Martins HS, Neto RAB, Neto AS, Velasco IT. Emergências clínicas: abordagem prática. 8 ed: Manole; 2013.
2. Longo DL. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 18th ed. New York: McGraw-Hill; 2012.