Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é a infecção de qualquer parte do trato reprodutor superior (ou seja, acima do óstio superior do cérvice) não relacionada a gravidez ou cirurgia intraperitoneal. Como as tubas uterinas são o sítio de infecção mais comum, podemos considerar salpingite e DIP como sinônimos.
O padrão ouro para o diagnóstico de DIP é a observação direta do abcesso tubário por laparoscopia. Entretanto, na prática ela não é muito usada, devido ao custo e tempo despendidos neste procedimento. Como os sinais e sintomas da doença são pouco específicos, o Center for Diseases Control formulou um sistema de critérios diagnósticos que permite o diagnóstico clínico com precisão.
Antes de mais nada, DIP é uma doença essencialmente de mulheres em período fértil sexualmente ativas. Meninas pré-púberes e mulheres pós-menopausa muito raramente irão desenvolver DIP, por isso outras doenças devem ser investigadas.
Diante de uma mulher jovem sexualmente ativa, sem que haja outra causa aparente de doença, com dor abdominal baixa e/ou dor a palpação dos anexos uterinos e/ou dor a movimentação do cérvice uterino, o tratamento empírico deve ser iniciado, já que a DIP não tratada pode levar a infertilidade e aumenta o risco de gravidez ectópica. Febre, corrimento vaginal mucopurolento, leucócitos abundantes à microscopia das secreções vaginais, VHS e/ou PCR aumentado(s) e evidência de infecção cervical por N. gonorrhoeae ou C. trachomatis reforçam o diagnóstico.
O tratamento de primeira linha da DIP não complicada é feito com uso de Doxiciclina 100mg 2x ao dia por via oral por 14 dias mais um dos dois regimes abaixo:
- Ceftriaxona 250mg dose única por via IM
- Cefoxitina 2g dose única por via IM + Probenecida 1g via oral dose única
Caso a paciente também apresente vaginose bacteriana, Metroinidazol 500mg 2x ao dia por via oral por 14 dias deve ser adicionado ao esquema terapêutico.
Fonte: Comprehensive Gynecology, sixth edition, Elsevier.