As exigências do estudo e da profissão médica levam a uma grande intolerância com nossos próprios erros.
Lidar com o fracasso é uma dificuldade comum a todos os profissionais. Mas a maneira como uma pessoa reage a isso pode fazer toda a diferença no processo de superação e aprendizado que, no fim, leva a carreira adiante.
As exigências do estudo e da profissão médica levam a uma grande intolerância com nossos próprios erros.
Lidar com o fracasso é uma dificuldade comum a todos os profissionais. Mas a maneira como uma pessoa reage a isso pode fazer toda a diferença no processo de superação e aprendizado que, no fim, leva a carreira adiante.
A autocrítica que sucede um erro, em geral, divide a humanidade em dois grupos: os que são muito rigorosos com as próprias limitações e os que são pouco. É raro encontrar quem acerte no julgamento que faz de si.
A psicóloga americana Juliana Breines, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, pesquisou como pessoas reagiam quando eram estimuladas a ser severas ou complacentes com os próprios erros. A conclusão de Juliana questiona a crença de que uma pessoa rigorosa demais com ela mesma aprende mais com os erros e melhora.
Segundo a pesquisadora, a autocrítica em excesso aumenta a procrastinação e impede a pessoa de avançar. “Ser compreensivo é uma estratégia eficaz para melhorar a autocrítica”, diz Juliana. Nessa disputa entre excesso de rigor e falta de noção, é importante ser imparcial. Só assim, o profissional consegue identificar seus erros sem ser preguiçoso ou exigente demais consigo mesmo.
Estratégias para um diálogo interior mais construtivo
Ria de si mesmo: tente se afastar por alguns instantes do problema para entender quais aprendizados pode tirar daquelas circunstâncias. Isso pode ser muito reconfortante e, por vezes, até um pouco engraçado.
Evite rótulos: especialmente os que são dramáticos demais. Palavras, como “fracassado”, “incapaz”, “incompetente” são geralmente generalizações injustas e descoladas da realidade.
Seja específico: faça uma análise objetiva de seu comportamento para identificar problemas pontuais. “Quem tende a atribuir problemas da vida a muitas características da própria personalidade é mais propenso à depressão”, afirma a psicóloga americana Juliana Breines.
Observe o mundo ao redor: avalie as circunstâncias externas para tentar mudar. Por exemplo: se você se atrasa para o trabalho de manhã porque os amigos com quem divide o apartamento fizeram barulho na noite anterior, a responsabilidade é sua, mas o problema não está em você.
Ajude os outros: de acordo com a pesquisa da Universidade da Califórnia, a compaixão pelos outros ajuda os indivíduos a desenvolver uma perspectiva mais clara também sobre os próprios erros. Procure entender as falhas alheias e a perdoar.
Ouça outra opinião: a eficácia da autocrítica tem limite. Tem hora que só o feedback resolve. Converse periodicamente com alguém de sua confiança que possa ajudá-lo a avaliar melhor seu desempenho, a reconhecer seus méritos e a entender no que, de fato, é preciso se aperfeiçoar.
Adaptado da reportagem de Leandro Quintanhilha para a revista Você S.A, disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/187/noticias/a-boa-falta-de-nocao