Como vimos, a síndrome nefrótica caracteriza-se por uma proteinúria > 3,5g/dia. Também participam da síndrome: hipoalbuminemia, edema, hiperlipidemia e lipidúria. Visite nosso post anterior, Síndrome Nefrótica.
Dentre as formas primárias de síndrome nefrótica, existem 5 tipos:
Tipo Histológico |
Glomeruloesclerose Focal e Segmentar (GEFS) |
Glomerulopatia Membranosa |
Doença por Lesão Mínima |
Glomerulopatia Membranoproliferativa |
Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial |
Doença por Lesão Mínima (ou Nefrose Lipoide)
É a principal forma de síndrome nefrótica em crianças (1-8 anos). Seu mecanismo é a perda da barreira de carga, originando proteinúria seletiva (albuminúria). Caracteriza-se pela ausência de achados à microscopia óptica. No entanto, à microscopia eletrônica, existe o achado clássico de fusão e retração dos processos podocitários.
É uma doença com períodos de remissão espontânea e recaídas. Pode estar associada a (1) linfoma de Hodgkin (SEMPRE INVESTIGAR!) ou (2) uso de AINES.
É o único caso de síndrome nefrótica que não necessita biópsia de rotina (somente nos casos refratários aos corticoides), uma vez que é muito característica de crianças e possui uma dramática resposta aos corticoides.
Glomeruloesclerose Focal e Segmentar (GEFS)
É a forma mais comum de síndrome nefrótica primária em adultos, caracterizando-se por uma proteinúria não seletiva. É uma importante causa de HAS secundária em adultos!
Pode ocorrer em decorrência de diversos mecanismos: (1) sequela de uma doença glomerular (LES, vasculite, nefropatia por IgA); (2) sobrecarga dos glomérulos que sobram, após perda importante de tecido renal (anemia facilforme, nefroesclerose hipertensiva, cirurgia); (3) hiperfluxo resultante de vasodilatação renal crônica (anemia falciforme, obesidade mórbida, pré-eclâmpsia); (4) idiopática.
Tratamento envolve corticoterapia + IECA ou BRA (se proteinúria > 1 g/dia) + estatinas.
Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial
Não é muito importante e não costuma cair em concursos de residência médica.
Glomerulopatia Membranosa
Caracteriza-se pelo espessamento da MBG, na ausência de proliferação celular. Em sua forma secundária, associa-se com: (1) Hepatite B; (2) Neoplasia oculta; (3) LES (↓ complemento); e (4) uso de captopril. Desse modo, todo paciente deve ser submetido aos exames de triagem: FAN, complemento, HBsAg, anti-HCV, VDRL, Rx tórax, US abdominal, sangue oculto nas fezes, mamografia e colono (se > 50 anos).
É uma forma de bom prognóstico: 10-20% com remissão espontânea completa e 25-40% com remissão parcial, não necessitando de tratamento específico. A terapia imunossupressora está indicada nos casos de mau prognóstico.
Glomerulopatia Membranoproliferativa (Mesangiocapilar)
Caracteriza-se pela proliferação mesangial (sinal do “duplo contorno” à microscopia óptica).
Sua forma primária está classicamente associada à síndrome nefrítica (oligúria, hematúria, HAS), nefrótica e hipocomplementemia persistente (> 8 semanas), atingindo crianças e adultos jovens. Desse modo, percebemos que é o principal diagnóstico diferencial da GNPE (glomerulonefrite pós-estreptocócica). Sempre suspeitar quando proteinúria > 3,5g/dia ou quando hipocomplementemia persistente (na GNPE, dura, no máximo, 8 semanas).
Principal doença associada: HEPATITE C (sempre investigar).
É a ÚNICA forma que consome complemento.
Nas questões de concursos, é muito comum cobrarem as condições associadas com os diferentes tipos histológicos… As tabelas são gigantes e impossíveis de memorizar! A dica é fixar as principais doenças, usando-se a GEFS como exclusão (pois é a forma mais comum). Assim fica muito mais fácil acertar uma questão sobre o assunto!
Entenda: memorize as seguintes associações:
Doença por lesão mínima – linfoma de Hodgkin e AINES.
Membranosa – Hepatite B, neoplasia, LES e captopril.
Membranoproliferativa – hepatite C.
Qualquer outra condição – GEFS.