A criança que nasceu a termo possui reservas corporais de ferro até os 6 meses, sendo deste período, até os 2 anos, aquele mais propenso à anemia ferropriva. As principais causas de anemia ferropriva na infância são: déficit alimentar/desmame precoce (mais comum), perda sanguínea crônica (uso do leite de vaca), infestação por ancilostomídeos (observar eosinofilia).
Em adultos, as principais etiologias são: gestação (sempre repor sulfato ferroso de rotina), hipermenorreia, doença celíaca, ingesta suficiente (populações carentes), hemodiálise e exames de sangue frequentes, vermes (ancilostomídeos, T. trichiura). Na realidade, a principal causa de anemia ferropriva é o sangramento crônico. Principalmente homens e pacientes idosos, podem apresentar perda sanguínea crônica pelo TGI (sempre suspeitar de adenocarcinoma de cólon!).
ATENÇÃO: todo paciente > 50 anos com anemia ferropriva deve ser submetido a colonoscopia + EDA.
Quanto às manifestações clínicas, o quadro compartilhado por todas as síndromes anêmicas é composto por astenia, insônia, palpitações, cefaleia, descompensação de doença cardíaca, pulmonar ou cerebrovascular. Ao exame, notamos palidez cutaneomucosa e podemos detectar um sopro sistólico (hiperfluxo). Entretanto, a glossite (ardência e língua despapilada) e queilite angular são manifestações exclusivas das anemias carenciais (ferropriva e megaloblástica). Em crianças, anorexia e irritabilidade são os sintomas mais comuns.
Entretanto, são as manifestações exclusivas do estado ferropênico que devem nos chamar maior atenção… Entre elas, destacamos: coiloníquia (unhas em colher), perversão do apetite (PICA), síndrome de Plummer-Vinson/Paterson-Kelly (disfagia por formação de membrana no esôfago).
Imagem: coiloníquia.
Na anemia ferropriva também podem ocorrer: trombocitose e esplenomegalia de pequena monta.