A cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico destinadas ao tratamento da obesidade. Estas cirurgias agem basicamente de duas formas para promover a redução de peso, sendo classificadas em procedimentos restritivos (diminuem a quantidade de alimento que o estômago é capaz de comportar), disabsortivos (reduzem a capacidade de absorção do intestino) e mistos (uma combinação dos dois anteriores).
Cirurgia Bariátrica
A cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico destinadas ao tratamento da obesidade. Estas cirurgias agem basicamente de duas formas para promover a redução de peso, sendo classificadas em procedimentos restritivos (diminuem a quantidade de alimento que o estômago é capaz de comportar), disabsortivos (reduzem a capacidade de absorção do intestino) e mistos (uma combinação dos dois anteriores).
As cirurgias bariátricas mais utilizadas em nosso meio são a banda gástrica ajustável e a gastroenteroanastomose em Y-de-Roux (cirurgia de Capella), ambas podendo ser realizadas pela via laparoscópica. São usualmente indicadas para pacientes adultos com IMC ≥ 40 kg/m2 (obesidade grau III), ou com IMC ≥ 35 kg/m2 (obesidade grau II) na presença de comorbidades, ou após resistência aos tratamentos conservadores realizados regularmente por pelo menos 2 anos.
A cirurgia de Capella, também chamada de derivação gástrica, parece ser a cirurgia de maior eficácia. É a técnica mais praticada no Brasil (75% das cirurgias). Consiste em um procedimento misto (restritivo e disabsortivo), pois reduz a câmara gástrica e deriva uma parte do fluxo intestinal. Outro efeito sobre a perda de peso é a redução do peptídeo grelina, uma substância liberada pela mucosa do estômago e duodeno que tem efeito orexígeno (isto é, aumenta o apetite). O paciente submetido à cirurgia perde de 40-45% de seu peso inicial. As principais deficiências nutricionais que se desenvolvem em um paciente submetido à cirurgia bariátrica são: ferro, vitamina B12 e cálcio (devem receber suplementação após o procedimento).
A cirurgia da banda gástrica ajustável é um procedimento restritivo puro, no qual se coloca um anel de silicone no estômago superior. Através de um dispositivo subcutâneo, o médico pode ajustar o grau de constrição gástrica (injeta-se solução salina no dispositivo). Apesar de não promover mudanças na produção de hormônios, essa técnica é bastante segura e eficaz na redução de peso (20-30% do peso inicial). Uma desvantagem do procedimento é que o paciente pode voltar a ganhar peso pela ingestão de líquidos de alto valor calórico, de modo que o tratamento também deve incluir a adoção de práticas saudáveis.
Em conjunto com a cirurgia, torna-se fundamental o acompanhamento multidisciplinar, especialmente da nutrição e da psicologia. A reeducação alimentar, além de ajudar a perder peso, será responsável por sua manutenção em patamares adequados ao longo da vida. O acompanhamento psicológico deverá ter foco preventivo e educativo. Deve-se considerar o aparecimento de novos fatores de estresse (ansiedade, vícios, desejo de liberdade, etc) e a criação de expectativas pelo paciente que poderão não ser atingidas com a perda de peso.
Verdades e Mitos sobre a Cirurgia Bariátrica
Em um ano de pós-operatório, o paciente normalmente engorda.
Mito. O ganho de peso pelo paciente pode ocorrer, mas é consequência da não adoção de hábitos saudáveis, o que também participa do tratamento.
Perde-se mais peso nos primeiros seis meses.
Verdade. A perda de peso mais significativa ocorre nos primeiros seis meses após a cirurgia.
A depressão é uma consequência comum para quem faz a cirurgia.
Mito. Não existe uma tendência. Se o paciente ficar deprimido, isso pode ocorrer por outros fatores, devendo ser investigado por profissional habilitado.
O paciente que sofre de gastrite pode ser operado.
Verdade. Não há restrição cirúrgica nestes casos.
A cirurgia causa problemas renais.
Mito. Não foi observada tendência a problemas renais.
O paciente sente muitas dores no primeiro mês do pós-operatório.
Mito. Normalmente as dores se manifestam somente nos primeiros dias do pós-operatório, mas como uma consequência esperada do procedimento cirúrgico.
Igor Torturella
Referências:
Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM)