Miíase
Extremamente negligenciada pelos serviços de saúde, a “bicheira” é uma enfermidade que atinge, em sua maioria, um setor populacional caracterizado por um menor nível sociocultural e econômico, sendo mais comum em regiões tropicais e subtropicais.
A infestação de tecidos ou órgãos humanos ou de animais por larvar de dípteros (miíase) é, em geral, precipitada por condições que a favorece, tais como higiene inadequada, alcoolismo, senilidade, respiração bucal durante o sono, déficit mental, feridas descobertas, entre outras.
Pode ser classificada em:
- Miíase primária (ou obrigatória), na qual a mosca põe seus ovos sobre a pele, invadindo posteriormente o tecido sadio, onde se desenvolvem sob a forma de larva (berne).
- Miíase secundária (ou facultativa), na qual o inseto põe suas larvas em mucosas ou pele ulcerada, onde se desenvolverão sobre o tecido em necrose ou ainda em matéria orgânica em decomposição (bicheira).
Dentre as espécies causadoras da doença em humanos e animais, destaca-se a Cochliomyia hominivorax, um inseto biontófago, que deposita seus ovos em feridas recentes. Tão grande é sua importância, que durante a década de 80, por motivos econômicos (proteção de rebanhos), sua erradicação foi um objetivo alcançado nos EUA.
1- Cochliomyia hominivorax
2-Miíase : Foco em couro cabeludo
E o tratamento, como é feito? Catando-se as larvas?
Porque não? É isso aí, por meio da catação das larvas (com pinça estéril), cujo processo pode ser facilitado após a morte, por asfixia, das mesmas, utilizando-se para isso, vaselina. Deve-se higienizar a ferida adequadamente, utilizar luvas de procedimentos, máscara devido ao forte odor, toca (pois muitos dos pacientes que apresentam acometimento do couro cabeludo são, anteriormente, acometidos por piolho) e recomenda-se proteger os olhos com uso de óculos, a fim de se evitar contado de fluidos da ferida com a mucosa ocular.
Mas esse método não é um tanto quanto incômodo para o paciente?
Sim, o é. Por isso, além dele, pode-se utilizar, como tratamento medicamentoso antes do procedimento manual, a ivermectina via oral 300μg/kg, sendo eficaz na erradicação das larvas, as quais podem ser retiradas por lavagem ou ainda eliminadas de maneira espontânea, minimizando bastante a dor causada pela limpeza.
Ivermectina | PESO: 40 a 60 kg | PESO: 60 a 90 kg |
POSOLOGIA | 2 comprimidos (= 12mg) | 3 comprimidos (= 18mg) |
Celso Neto
Bibliografia
1 – Rev Bras Otorrinolaringol. V.67, n.6, 755-61, nov./dez. 2001
2 – Universidade Federal de Goiás – Escola de Veterinária e Zootecnia – PRINCIPAIS DÍPTEROS CAUSADORES DE MIÍASES.