A Depressão possui impacto na evolução de outras doenças clínicas, aumentando a morbimortalidade e os custos do tratamento. Aprenda a reconhecer as doenças e medicamentos que mais causam Depressão, além de outras dicas importantes.
A Depressão tem caráter de doença sistêmica, com consequências em vários sistemas de regulação corporal, incluindo seu impacto na evolução de outras doenças clínicas, aumentando a morbimortalidade e os custos do tratamento. Sintomas depressivos associam-se a maior risco de mortalidade por problemas cardíacos, dificuldades no controle da glicemia e aumento da morbidade em casos de acidente vascular cerebral (AVC) e de infecção pelo HIV. Seu impacto torna-se ainda mais significativo se considerarmos que se diagnóstico e adequado tratamento não são realizados na maioria dos casos.
Algumas doenças e medicamentos que podem causar depressão:
Doenças neurológicas
– Doença cerebrovascular
– Tumores frontais
– Epilepsia (sobretudo de lobo temporal)
– Doença de Huntington
– Doença de Parkinson
– Doença de Alzheimer
– Esclerose Múltipla
– Paralisia Supranuclear Progressiva
– Hemorragia Subaracnoide
Endocrinopatias
– Hiper e Hipotireoidismo
– Síndrome de Cushing
– Diebetes Mellitus
– Doença de Addison
– Hiperparatireoidismo
– Hipopituitarismo
Neoplasias
– Carcinoma de Pâncreas
– Carcinoma de Pulmão
– Tumores do SNC
Doenças Infecciosas
– AIDS
– Encefalite
– Gripe
– Hepatite
– Mononucleose
– Pneunonia Viral
– Sífilis Terciária
Outras Doenças
– Alcoolismo
– Anemia
– Deficiências: Folato, B2, B12
– Desequilíbrio Eletrolítico
– Doença de Wilson
– Dor Crônica
– Infarto Agudo do Miocárdio
– Insuficiência Hepática
– Insuficiência Renal Crônica
– Intoxicação por metais pesados
– Lupus Eritematoso Sistêmico
Medicamentos
– Ácido Nalidíxico
– Anfetamínicos
– Anti-hipertensivos (reserpina, metildopa, clonidina, nifedipina, hidralazina, prazosina, diuréticos)
– Anti-inflamatórios não esteróides
– Antipsicóticos
– Benzodiazepínicos
– Betabloqueadores (especialmente Propranolol)
– Cimetidina
– Cinarizina
– Contraceptivos orais
– Corticosteroides
– Digitálicos
– Efavirenz
– Flunarizina
– Interferon
– Isoniazida
– Levodopa
– Metoclopramida
– Metronidazol
– Ranitidina
– Vimblastina
– Vincristina
– Zidovudina
Dois raciocínios extremados podem conduzir a erros na avaliação diagnóstica:
– crença de que sintomas depressivos são uma resposta normal a doenças físicas que ameaçam ou alteram drasticamente a vida;
– faz-se o diagnóstico de depressão em pacientes com tristeza ou com sintomas físicos causados apenas pela doença de base.
Outro elemento importante é saber diferenciar Demência e Depressão no paciente idoso:
Características Clínicas |
Depressão |
Demência |
Início |
Relativamente rápido |
Insidioso |
Déficit Cognitivo |
Flutuante |
Constante |
Queixas Cognitivas |
Enfatizadas e detalhadas |
Minimizadas e vagas |
Perda de Memória Recente vs. Remota |
Equivalente |
Recente > remota |
Manifestação de Sofrimento |
Sim |
Geralmente não |
Declínio da sociabilidade |
Precoce |
Tardio |
Humor |
Deprimido |
Normal ou embotado |
Labilidade emocional |
Ausente |
Presente |
Autoimagem |
Negativa |
Não afetada |
Sintomas Físicos |
Típicos |
Atípicos, exceto insônia |
Esforço para realizar tarefas |
Pequeno |
Grande |
Respostas do tipo “não sei” |
Frequente |
Rara |
Muitas pessoas que procuram o hospital sofrem de várias doenças concomitantes. Além disso, mostram-se “assustadas” diante do risco de morte e do desconhecimento sobre sua doença. Por isso, nada substitui o contato próximo com o médico assistente para que sejam esclarecidas suas dúvidas. Tal contato aumenta a sensação de amparo e de autoeficácia do paciente e já contribui para prevenir e tratar a depressão nesse contexto.
Adaptado de BOTEGA NJ, FURLANETTO LM, FRÁGUAS Jr R. Depressão. In: Prática Psiquiátrica no Hospital Geral – Interconsulta e Emergência, 3ª Ed. ArtMed. (294-318).
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