Devemos sempre suspeitar de conjuntivite diante de um paciente que se apresenta com olho vermelho, lacrimejamento e secreção ocular. A maioria dos casos é inicialmente unilateral e pode comprometer o outro olho após 2 ou 3 dias. A causa viral é a mais frequente dentre as conjuntivites. As bacterianas respondem por menos de 5% dos casos!
Manejo das Conjuntivites Virais
Devemos sempre suspeitar de conjuntivite diante de um paciente que se apresenta com olho vermelho, lacrimejamento e secreção ocular. A maioria dos casos é inicialmente unilateral e pode comprometer o outro olho após 2 ou 3 dias. A causa viral é a mais frequente dentre as conjuntivites. As bacterianas respondem por menos de 5% dos casos!
A conjuntivite viral é geralmente causada por um adenovírus, sendo uma infecção altamente contagiosa (lembre-se sempre de afastar seu paciente do trabalho e/ou escola). Tem um período de incubação de 4 a 10 dias e tem duração autolimitada de 7 a 14 dias mas pode durar até 1 mês. O contágio ocorre nos primeiros 12 dias de doença ou enquanto a hiperemia persistir.
Dentre os sintomas, destacamos:
- Hiperemia conjuntival;
- Epífora (lacrimejamento);
- Pálpebras edemaciadas;
- Ardor, prurido, sensação de areia nos olhos,
- Secreção hialina/esbranquiçada;
- Fotofobia;
- Visão borrada;
- Acordar com os olhos pregados.
Na presença de secreção purulenta, devemos suspeitar de conjuntivite bacteriana. Outro diagnóstico diferencial importante é com a conjuntivite alérgica. Nesses casos, geralmente há associado um quadro de rinite alérgica. A secreção conjuntival é aquosa. A eversão da conjuntiva palpebral revela hipertrofia papilar com grande quantidade de vegetações largas (aspecto em mosaico, ou pedras de calçamento). E atenção: a presença de dor ocular, hiperemia pericorneana (a hiperemia da conjuntivite é periférica!) ou hipópio (pus na câmara anterior) sugerem outros diagnósticos mais sérios, como por exemplo a uveíte anterior. Estes casos devem ser prontamente encaminhados para o oftalmologista!
Exemplo de hiperemia pericorneana. Compare com a imagem anterior.
Hipertrofia de papilas, com o aspecto de pedras de calçamento.
O diagnóstico da conjuntivite é clínico. Faz-se necessário exame minucioso dos olhos, de preferência com uma lupa e uma lanterna. Nunca se esqueça de everter as conjuntivas palpebrais inferiores e superiores para avaliação.
Como medidas gerais, inclusive para a não disseminação do vírus, todo paciente deve ser orientado a:
- Lavar as mãos com frequência;
- Lavar os olhos com soro fisiológico 0,9% (ou água filtrada fria) embebido em gaze ou algodão em intervalos de 3 a 8 horas, retirando toda secreção visível e contida no fundo de saco conjuntival;
- Compressas geladas sobre os olhos ajudam a reduzir o edema;
- O uso de lágrimas artificiais para lubrificação é medida importante (em especial após as lavagens);
- Não usar curativos ou bandagens;
- Evitar aglomerações ou frequentar piscinas de academias ou clubes;
- Trocar as fronhas dos travesseiros diariamente.
O uso rotineiro de esteroides e antibióticos tópicos é desaconselhado, exceto se existirem erosões ou em casos graves.
Veja o que a Sociedade Brasileira de Oftalmologia diz a respeito do tratamento das conjuntivites virais: “O principal tratamento é lavar os olhos várias vezes com soro fisiológico ou água filtrada fria, removendo assim as impurezas. Medicações |
Igor Torturella