Convênios
É grande a expectativa dos estudantes no final da faculdade e também dos médicos recém formados em relação aos convênios médicos.
Estima-se que 40 milhões de brasileiros tenham direito a um plano de saúde , quer seja Medicina de Grupo ( Golden Cross, Amil, Smb…), Cooperativa Médica ( Unimed ), Seguros Saúde ( Bradesco, Sulamérica… ) ou mesmo Caixas de Assistência Médica ( Caberj, Caarj..).
A relação entre compradores e vendedores de serviço passou a ser totalmente patológica. Médicos reclamam que os valores pagos são injustos e os convênios reclamam que os preços são altos.
Como os médicos não conseguem dimensionar a força que têm e ao mesmo tempo não conseguem organizar-se munidos de argumentos econômicos sólidos, estão sempre em desvantagem nas negociações.
Sabendo deste relacionamento totalmente conturbado, o médico deve ter convênios ou pode dispensá-los e sobreviver somente com clientela particular ?
Não somente achamos que os convênios são um mal necessário, como acreditamos que os médicos principalmente em inicio de carreira não podem dispensar os convênios.
Em um estágio posterior, quando o médico atende vários convênios e está com uma clientela grande ele pode começar a fazer o que chamamos de seleção de clientela, começando a cortar os piores convênios e talvez um dia possa atender somente a pacientes particulares.
Evidentemente que esta estratégia de seleção de clientela com diminuição de convênios é um pouco perigosa e deve ser feita com muita cautela. Você pode correr o risco de ficar com seu consultório vazio
Além disso a especialidade do médico influencia diretamente na possibilidade de não trabalhar com convênios. Por exemplo, áreas comuns que envolvem pouco risco de vida como pediatria e clínica médica sempre terão grande dificuldade de sobreviver sem convênios. Especialidades como oncologia e cirurgia plástica estética ( que não é coberta pelos convênios) poderão ter mais facilidade de depender exclusivamente de clientes particulares.
E os médicos recém formados tem facilidade de conseguir convênios em seu consultório ?. Resposta : NÃO. Além da maioria dos convênios exigirem o titulo de especialista, muitas outras dificuldades são impostas e os convênios sob a alegação constante de que no momento os credenciamentos estão fechados por excesso de médicos, mantém um indisfarçável poder que lhe permite negociar com os médicos ávidos pelo credenciamento, valores mais baixos de pagamento por serviços prestados.
E o convênio universal proposto pelos Sindicatos , Conselhos Regionais e Sociedades de Especialidades, que poderia ser uma grande conquista, continua distante, pois os médicos desesperados em conseguir credenciamentos esquecem a união da classe e negociam isoladamente.
Situação difícil, insolúvel e sem perspectivas ? Acreditamos que não.
A nova regulamentação dos planos de saúde , definindo serviços mínimos a serem obrigatoriamente cobertos pelos planos devem forçar os planos pequenos a se fundirem ou serem incorporados por empresas mais sólidas e também mais serias que terão que se adequar as regras normais de mercado que a médio ou longo prazo tendem sempre a acabar com qualquer relação comercial que não seja saudável.
Os planos de saúde remanescentes provavelmente conseguirão elevar os valores das suas mensalidades e poderão assim respeitar mais os vendedores de serviços – médicos e hospitais , que por sua vez terão que entender que independente de continuarem procurando desempenhar uma medicina de boa qualidade, precisam também cooperar para baixar os custos da medicina praticada.
Médicos e Convênios necessitam um do outro. É necessário que se unam para estipularem regras saudáveis de mercado que permitam uma convivência pacífica e que tornem o Sistema Privado de Saúde viável do ponto de vista econômico. Todos serão beneficiados, principalmente a nossa população.