Proctologia: Doença Hemorroidária
A incidência da doença hemorroidária aumenta com a idade, sendo raramente encontrada em crianças (nesta faixa etária, sangramentos ocorrem mais comumente por fissuras anais).
Anatomicamente, existem dois plexos hemorroidários: o plexo interno (acima da linha pectínea), responsável pelos sintomas da doença hemorroidária, e outro externo. Este último é de menor importância clínica, sendo suas manifestações de acometimento pequenas, agudas e de curta duração, (ex: trombo hemorroidário externo ou hematoma perianal). Desse modo, daremos ênfase à doença hemorroidária interna. Observe a imagem abaixo.
A doença hemorroidária interna resulta da congestão e da hipertrofia dos mamilos internos (são as dilatações venosas do plexo venoso), seja pelo retorno venoso insuficiente pelas veias retais superiores, pela desregulação do shunt arteriovenoso ou pelo próprio aumento da pressão intra-abdominal, essa última observada em situações como gestação, obstipação e pacientes prostáticos. O quadro abaixo traz as principais etiologias.
Etiologia: Hereditariedade (fragilidade dos vasos), idade, constipação, abuso de laxativos, uso frequente de lavagens, obesidade, gravidez, circulação colateral na cirrose hepática e na trombose de veia porta.
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O quadro clínico é marcadopelo sangramento anal (sangue vivo) e, eventualmente, o prolapso dos mamilos hemorroidários. Habitualmente não causam dor. Outro sinal é a secreção de muco, especialmente na doença grau 4.
Classificação da doença hemorroidária: – Grau 1: não há prolapso, apenas sangramento; – Grau 2: prolapso durante esforço com redução espontânea; – Grau 3: prolapso durante esforço com redução apenas com manobra digital; – Grau 4: mamilos permanecem exteriorizados.
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O diagnóstico é realizado pela anuscopia. Lembrar do diagnóstico diferencial de outras causas de sangramento vivo pelo ânus, como CA de reto, pólipos, úlceras e fissuras.
O tratamento clínico visa diminuir o desconforto e a irritação anal, além da redução do sangramento. Medidas incluem: a correção dos hábitos intestinais, a higiene anal apenas com água e o uso de pomadas analgésicas. A dieta deve ser rica em fibras e alimentos como pimenta e álcool devem ser evitados (agravam os sintomas já existentes). Devemos lembrar que o tratamento clínico é considerado paliativo, utilizado na impossibilidade ou adiamento da cirurgia.
Dentre os tratamentos disponíveis destacamos: (1) Esclerose Submucosa: injeção de ácido fênico em óleo de amêndoas (bons resultados na grau 1); (2) Ligadura Elástica: para o caso de mamilos internos isolados (promove estrangulamento do mamilo, resultando em necrose deste; (3) Coagulação por raios infravermelhos; (4) Cirurgia clássica: indicado quando os procedimentos precedentes não são adequados, como nas hemorroidas graus 3 e 4, por exemplo.
Igor Torturella
Referências:
1) ABC.MED.BR, 2012. Hemorroida ou doença hemorroidária. O que saber sobre ela?. Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/307915/hemorroida-ou-doenca-hemorroidaria-o-que-saber-sobre-ela.htm>
2) RIBEIRO DA ROCHA, J.J. Coloproctologia: Princípios e Práticas. São Paulo: Editora Atheneu, 2006.