Laudos |
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1) Ritmo sinusal FC x bpm Eixo a + 80⁰ ECG normal |
2) Ritmo sinusal FC 75 bpm Eixo a – 30⁰ |
3) Taquicardia sinusal FC 130 bpm Eixo a + 60⁰ |
4) Taquicardia sinusal FC 130 bpm Eixo a + 60⁰ |
Agora que já conhecemos o básico da interpretação de um ECG normal, podemos prosseguir para o estudo de suas alterações. O módulo de hoje será sobre hipertrofias.
Como já discutido anteriormente, a hipertrofia auricular pode ser observada pelo exame atento da onda P. Aprendemos a medir a onda P em DII, sendo que sua referência é 2,5 mm de amplitude e de largura. Relembrando: se uma altura maior, significa sobrecarga de átrio direito; se uma largura maior, significa sobrecarga de átrio esquerdo.
Observe os traçados a seguir, sendo o primeiro um exemplo de SAE e o segundo, de SAD:
Entretanto, alguns autores também preconizam a análise da onda P na derivação V1. Faz-se a seguinte interpretação: na hipertrofia auricular, a onda P será difásica em V1; se hipertrofia de átrio direito, o componente inicial será maior; se hipertrofia de átrio esquerdo, o componente terminal será maior. Observe as imagens.
Quanto aos ventrículos, a hipertrofia ventricular esquerda (HVE) gera complexos QRS que estão aumentados tanto em altura quanto em profundidade, principalmente nas derivações precordiais. Se a profundidade (em mm) da onda S em V1, somada à altura da onda R (em mm) em V5 ou V6 (usa-se a de maior amplitude) for maior que 35 mm, então sugere HVE (é o índice de Sokolov-Lyon).
Outras alterações que podem ser observadas no contexto da HVE são a presença de sobrecarga atrial esquerda (consequente à sobrecarga ventricular) e o desvio do eixo elétrico para a esquerda (devido a uma maior massa do ventrículo hipertrofiado).
Existe uma onda T característica da HVE: onda T invertida com uma vertente descendente gradual e outra de retorno muito rápido à linha de base (significa sobrecarga sistólica), melhor observada nas derivações esquerdas (V5, V6, DI e aVL). Pode também se apresentar como um infra desnivelamento do segmento S-T.
Uma observação importante é a possível presença de imagens em espelho. Derivações opostas daquelas que apresentam sobrecarga sistólica (e infra de S-T) podem nos mostrar um supra de S-T, mas sem significado patológico. Para não confundirmos com um IAM devemos sempre estar atentos para os protagonistas de qualquer consulta: a entrevista médica e a história do paciente.
Segue um exemplo de um paciente com sobrecarga ventricular esquerda:
Na hipertrofia ventricular direita (HVD), existe uma grande onda R na derivação V1 que se torna progressivamente menor nas derivações precordiais seguintes. Ocorre, portanto, alteração da transição elétrica normal. Também poderemos observar sobrecarga sistólica (infra S-T + T negativa e assimétrica) nas derivações direitas, sobrecarga atrial direita e desvio do eixo elétrico para a direita.
Agora um exemplo de uma paciente com sobrecarga de ventrículo direito:
Leia atentamente os quadros abaixo e busque revisar o que já discutimos até então.
HVE – Índice de Sokolow-Lyon: V1 ou V2 (maior S) + V5 ou V6 (maior R) 35 mm (7 quadrados); * Atenção: isoladamente, não é critério para HVE. – Sobrecarga sistólica: infra ST + T negativa e assimétrica (observar as derivações esquerdas: V5, V6, DI e aVL); – Sobrecarga atrial esquerda (SAE); – Eixo para a esquerda. |
HVD – Crescimento da onda R em V1 (R S); – Sobrecarga sistólica nas derivações de VD (V1, V2 e V3); – Sobrecarga atrial direita (SAD); – Eixo para a direita. |
Exercícios
A seguir, alguns traçados para praticarmos nossa interpretação das hipertrofias. Não se esqueça de realizar a interpretação completa, seguindo todos os passos descritos até aqui. E não deixe de anotar seus laudos! Uma boa semana a todos.
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