A seguir, os laudos dos exercícios do módulo anterior:
Laudos |
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1) Ritmo sinusal FC x bpm Eixo a 0⁰ ECG normal |
2) Ritmo sinusal FC x bpm Eixo a + 30⁰ ECG normal |
3) Ritmo sinusal FC x bpm Eixo a + 60⁰ ECG normal |
4) Ritmo sinusal FC x bpm Eixo a + 60⁰ ECG normal |
No módulo de hoje, encerramos nosso estudo do ECG normal com a interpretação do complexo de recuperação ventricular, composto pelo ponto J, pelo segmento S-T e pela onda T. Observe:
O complexo de recuperação ventricular é o momento mais vulnerável do ciclo cardíaco, uma vez que representa o processo de repolarização dos ventrículos; uma extrassístole, por exemplo, que coincida neste momento poderá acarretar em graves arritmias.
Importante: um ponto J e um segmento S-T normais devem permanecer na linha de base do ECG. Desnivelamentos podem indicar condições sérias e potencialmente fatais, como o infarto. A tabela abaixo traz algumas importantes causas de desnivelamentos.
Supra S-T |
Infra S-T |
IAM Pericardite Homem jovem (variante do normal) Bloqueios de ramo Síndrome de Brugada |
Angina (isquemia miocárdica) Sobrecarga sistólica Intoxicação digitálica |
Nos traçados abaixo alguns exemplos:
Observe os supra-desnivelamentos na parede inferior (DII, DIII e aVF) e na parede apical (V5 e V6). Não se preocupe, estamos apenas tendo uma ideia geral do traçado. As síndromes coronarianas agudas, possivelmente a parte mais importante do curso, serão abordadas com detalhes posteriormente.
Neste exemplo, um caso de intoxicação digitálica, com sua alteração típica de infra-desnivelamento “em colher de pedreiro”, como podemos notar claramente em V2, V3, V4, V5 e V6. Os sintomas da intoxicação digitálica são anorexia, náuseas, vômitos, distúrbios visuais, confusão mental.
A onda T representa a repolarização ventricular e deverá ser sempre positiva nas derivações precordiais, com exceção de V1, que pode apresentar onda T negativa (é uma derivação indecisa). Nas derivações do plano frontal, a onda T é “obediente” ao complexo QRS, de modo que, se positivo, a onda T também será positiva; se o QRS for negativo, onda T se apresentará negativa. Outra característica da onda T normal é sua assimetria, com ramo ascendente lento e descendente com maior inclinação.
Durante nossa interpretação do ECG, devemos observar os complexos de recuperação ventricular de acordo com as paredes do coração. Já conhecemos as derivações das paredes inferior e lateral alta; agora aprenderemos as demais (atenção: alguns autores realizam divisões um pouco diferentes).
Paredes do Coração – Parede inferior: DII, DIII e aVF – Parede lateral alta: DI e aVR – Parede anterosseptal: V1, V2, V3 e V4 ——– Parede anterior – Parede apical: V4, V5 e V6 ———————— Parede anterior |
Alterações na onda T como ondas invertidas ou ondas apiculadas e simétricas podem sugerir isquemia miocárdica, tratando-se de um “distúrbio primário da repolarização ventricular” (é esta expressão que devemos utilizar em nossos laudos). Entretanto, muitas doenças crônicas, como hipertensão arterial, bloqueios de ramo, uso de medicamentos, DPOC e outros podem também cursar com alterações eletrocardiográficas na onda T, sendo, neste caso, um “distúrbio secundário da repolarização ventricular”. Nesses casos, geralmente, se possível obter exames antigos, iremos perceber a evolução crônica da alteração. Mas como diferenciar um infarto agudo do miocárdio com um distúrbio secundário? Devemos nos lembrar da soberania da clínica. Um diagnóstico de IAM não se faz através de um laudo de ECG, mas através de um conjunto de informações obtidas por adequada história e exame físico.
No exemplo abaixo, um paciente que apresenta um quadro de precordialgia. Observe as alterações na onda T em toda a parede anterior (derivações precordiais) e também na parede inferior (DII, DIII e aVF). Em nosso laudo, utilizaríamos a expressão: distúrbios primários da repolarização ventricular nas paredes anterior e inferior.
Exercícios
1)
2)
3)
4)