Pergunta : Tiago ( PUC Paraná )
Pretendo fazer neurologia mas tenho bastante receio do mercado de trabalho. Sempre ouço falar que os convênios pagam mal ( Unimed em Curitiba paga cerca de 43 reais líquido por consulta ) e que como a neurologia exige consultas mais demoradas você não consegue ganhar “no volume” ( como fazem na cardio, dermato e oftalmo ). Além disso a neurologia possui poucos métodos complementares que possam agregar valor a consulta.
Pergunta : Tiago ( PUC Paraná )
Pretendo fazer neurologia mas tenho bastante receio do mercado de trabalho. Sempre ouço falar que os convênios pagam mal ( Unimed em Curitiba paga cerca de 43 reais líquido por consulta ) e que como a neurologia exige consultas mais demoradas você não consegue ganhar “no volume” ( como fazem na cardio, dermato e oftalmo ). Além disso a neurologia possui poucos métodos complementares que possam agregar valor a consulta.
Diante de tudo isso fica a dúvida, será que compensa investir nessa formação mesmo sabendo que a remuneração posterior irá deixar a desejar? Colegas dizem que trabalhar como plantonista em pronto-socorros acaba sendo mais rentável do que ter consultório, nos dias de hoje. Alguma estratégia para “conseguir” sobreviver nesse mercado? Vale a pena investir no consultório pensando “a longo prazo”?
Resposta :
Não se iluda com a possibilidade de ter melhor remuneração na base de plantões porque nenhum médico gosta e também não é saudável passar o resto da vida dando plantões.
Também não é verdade que na neurologia existam pouco métodos complementares que agreguem valor ao preço da consulta.
Algumas informações mais detalhadas dessa especialidade podem te ajudar na escolha .
A neurologia é especialidade de acesso direto com duração de 3 anos na residência médica. Embora existam cursos de pós graduação, a recomendação é que seja dado preferência aos programas de residência, onde a parte prática é maior.
Na neurologia o mercado é carente de profissionais. O envelhecimento da população é um fator facilitador no aumento da clientela. Os pacientes criam grande dependência com seu neurologista o que gera fidelidade da clientela. A qualidade de vida do profissional é razoável , mas é uma especialidade um pouco triste. Os ganhos financeiros podem ser bons se vc somente atender pacientes particulares. Se for trabalhar com convênios, vale a pena se especializar em alguns exames complementares como polissonografia, EEG, EEG com mapeamento cerebral, holter cerebral, teste de latência de sono, eletroneuromiografia, vídeo-EEG, potencial evocado…
O neurologista clínico, que não gosta dos exames complementares, estará perdendo uma boa fonte de renda, já que consultas simples de convênios são mal remuneradas.
A remuneração do neuro pode variar muito de acordo com o tipo de atividade que ele exerça. Por exemplo, se ele tiver um consultório próprio, onde ele trabalhe 4 tardes por semana e atenda a somente 5 pacientes particulares por tarde, mesmo não realizando nenhum exame complementar no consultório, e cobrando uma consulta a R$ 400,00, no final do mês terá um ganho de R$ 34.000,00. Fora isso, ele geralmente terá um emprego em um hospital, onde ganhará mais R$ 6.000,00 a 10.000,00 mensais e ainda poderá ter alguma consultas em residência, onde ele cobrará cerca de R$ 700,00 por cada consulta.
Deve considerar também que na neurologia, muitas vezes, os diagnósticos são de patologias graves, como tumores, doenças degenerativas como ELA e esclerose múltipla , o que exige uma estrutura pessoal forte por parte do profissional , o que não significa que não poderá ter uma boa qualidade de vida. Desde que vc trabalhe em equipe com um bom clínico geral, vc poderá ter boa qualidade de vida.
Um Mercado promisssor para o neurologista e que tende a se expandir rapidamente é o de casas de repouso ou centros de convivência para idosos.
Outra possível área de atuação e ainda pouco explorada é o tratamento da dor, área essa que também pode ser explorada pelos ortopedistas e pelos anestesistas
Uma outra possibilidade para o neurologista é a neurologia intervencionista, onde esse especialista pode atuar no :
Tratamento das Estenoses Arteriais na Circulação Extracraniana
Tratamento das Estenoses Arteriais na Circulação Intracraniana
Tratamento de Tumores da Cabeça, Pescoço e da Coluna Espinal
Tratamento Percutâneo das Fraturas dos Corpos Vertebrais por Osteoporose ou por Tumores-Vertebroplastia
Tratamento das Malformações Vasculares, Fístulas Artério Venosas e do Trauma Vascular
Tratamento de Hemorragias por Cateter
Tratamento Percutâneo da Isquemia Cerebral
Essas áreas, na verdade, são “sem dono”, podendo ser exercidas também pelo radiologista intervencionista ou pelo neurocirurgião.
A residência médica que existe nessa área é de radiologia intervencionista e não de neuroradiologia intervencionista e tem duração de 2 anos, tendo como pré requisito a residência anterior nas áreas específicas .
A formação de um Neurorradiologista Intervencionista não se resume ao aprendizado de manipulação de cateteres e materiais mas deve incluir sólida formação e experiência em neurologia clínica, neurorradiologia diagnóstica, clínica neurocirúrgica e sobretudo o hábito de trabalhar em multidisciplinaridade, já que muitos casos irão requerer o trabalho conjunto de colegas de outras especialidade
Sucesso
Mário Novais